Em frente à destituição do senador Cid Gomes (PDT) da presidência da Executiva estadual do PDT Ceará, o grupo ligado ao ex-governador convocou uma nova reunião do Diretório estadual da legenda. Nesta segunda (30), em reunião entre deputados e prefeitos aliados de Cid, foi avaliada a convocação da reunião “para discutir coletivamente a situação do partido, de sua Executiva e de seus filiados no Ceará”, como pontuou o senador.
“Houve uma deliberação de forma ilegal pelo PDT Nacional, sem se dizer os motivos de uma possível intervenção no Diretório do Ceará e sem a possibilidade de ampla defesa”, afirmou Cid, em nota enviada à imprensa.
Na última sexta (27), em reunião acalorada do PDT Nacional no Rio de Janeiro, a Executiva Nacional da legenda decidiu pela destituição de Cid do Diretório do PDT Ceará. Em embate com o grupo liderado pelo deputado federal André Figueiredo (PDT-CE) – presidente em exercício da Nacional – desde as eleições de 2022, o senador afirmou que “há uma decisão judicial que assegura a vigência do Diretório estadual do partido e a legalidade de suas deliberações”, lembrando que seu mandato à frente da legenda seria até o fim de 2023.
CRISE NO PDT
O conflito no PDT Ceará vem ocorrendo desde o ano passado, durante as eleições de 2022. Na ocasião, a escolha de Roberto Cláudio (PDT) como candidato do partido ao pleito do Governo do Estado foi o divisor de águas para o racha da legenda. As duas alas se enfrentam pelo poder da sigla. De um lado, Cid é apoiado pela maioria, e entende que a escolha pelo ex-prefeito de Fortaleza para representar o partido nas eleições foi errada. Do outro, Figueiredo lidera a menor parte, mas que reúne nomes importante como o do prefeito de Fortaleza José Sarto (PDT) e do ex-senador Ciro Gomes (PDT).
Atual presidente da Executiva Nacional do partido – Carlos Luppi (PDT) se licenciou para assumir o ministério da Previdência Social -, Figueiredo era também o presidente do PDT Ceará até julho, quando firmou acordo com Cid para que o senador tomasse à frente do Diretório, em busca da “pacificação”, até 31 de dezembro. O acordo, no entanto, não foi até a data prevista. Após o grupo de Cid convocar reunião do Diretório para eleição de nova mesa diretora da Executiva, Figueiredo destituiu Cid do comando da legenda no Estado, alegando que ele não seguiu com o que foi concordado entre as partes.
Na mesma semana, ainda, foi criada uma comissão provisória e realizada a destituição de todo o Diretório do PDT Ceará. A decisão, no entanto, foi anulada após quatro dias. Tanto a Justiça Comum como a Justiça Eleitoral entenderam pela anulação da destituição e o prosseguimento da reunião que decidiria a nova Executiva do partido no Estado. A reunião foi realizada e a nova executiva eleita, mas o grupo de Figueiredo tentou a anulação a votação. Sem sucesso, os efeitos da reunião foram mantidos, após Cid apresentar recurso. O embate prosseguiu até a destituição do senador na última sexta.
