De acordo com informações da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a quantidade de chuvas observadas em janeiro de 2023, em milímetros, foi de 114.6mm. No mesmo período, em janeiro do ano passado, a quantidade observada foi de 163.7mm. Apesar de menor, a quantidade de chuvas ainda é considerada boa, visto que o normal do período, conhecido como pré-estação chuvosa, é de 98.7mm.
Segundo Meiry Sakamoto, Gerente de meteorologia da Funceme, o que caracteriza o mês de janeiro como pré-estação chuvosa é a formação meteorológica das nuvens de chuva. “No período entre dezembro e janeiro , nós temos a influência de frentes frias que chegam até a Bahia e Alagoas. A presença desse sistema acaba favorecendo a criação de instabilidades e formações de nuvens de chuva”, explicou.
A especialista explica que os Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN) também podem influenciar na quantidade de chuvas, dependendo de onde aparecem. Entre os meses de dezembro do ano passado e janeiro de 2023, a quantidade acumulada observada no Ceará foi de 147mm, um total 13% maior do que a média do período de pré-estação, que é de 130mm. “Choveu bem, mas choveu menos do que a pré-estação do ano passado, quando o acumulado do Estado chegou a 211mm, ou seja, 62% acima da média climatológica”, disse.
No recorte do mês de janeiro, na comparação entre 2023 e o ano passado, a quantidade de chuvas diminuiu 30%. Segundo a Funceme, a questão da atuação dos Vórtice Ciclônicos de Altos Níveis e das Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) em janeiro de 2022 influenciaram na grande quantidade de chuvas, o que não aconteceu com a mesma intensidade em janeiro de 2023.
RESERVATÓRIOS
Mesmo com a quantidade de chuvas menor em janeiro deste ano em comparação com o mesmo período no ano passado, cinco açudes do Ceará já sangraram até o momento, é o que indicam informações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). São eles: o Germinal, o Tijuquinha, o Caldeirões, o Rosário e o Junco.
O primeiro açude a sangrar foi o Germinal, localizado no município de Palmácia, Região do Maciço de Baturité do Ceará. Ele atingiu o limite da capacidade ainda no dia 6 de janeiro. O reservatório Germinal tem capacidade para mais de 2.1 milhões de metros cúbicos de água. A barragem foi construída em 2017 para evitar alagamentos em áreas de risco em Fortaleza. O governo estuda também utilizar a água do Cocó para abastecer a região.
Em Baturité, o açude Tijuquinha foi o segundo do Ceará a sangrar neste ano. O transbordamento foi registrado no dia 20. A capacidade dele é de 0.48 milhões de metros cúbicos. O Tijuquinha auxilia na liberação de água para usuários de irrigação do vale do Acaraú e reforça o abastecimento de comunidades rurais que ficam próximas do reservatório. A capacidade dele é de 0.48 milhões de metros cúbicos.
O terceiro foi o açude Caldeirões, no município de Saboeiro, na Região do Sertão Central e Inhamuns. Com capacidade de 1.24 milhões de metros cúbicos, o sangramento foi registrado um dia após o Tijuquinha, no dia 21. No trecho que faz parte do açude Caldeirões existem mais seis barragens menores, cuja expectativa é de que recebam a água originada da sangria.
O açude Rosário, que fica em Lavras da Mangabeira, na Região do Cariri, transbordou no dia 23. Localizado no distrito de Quitaiús, na bacia hidrográfica do Salgado, a capacidade do reservatório é de 47.22 milhões de metros cúbicos.
O último a registrar sangramento foi o de Junco, no município de Granjeiro. Assim como o Rosário, ele fica na bacia do Salgado, e tem uma capacidade de 2.03 milhões de metros cúbicos. Quatro açudes estão próximos de sangrar no Estado. São eles: Muquém, Valério, Pesqueiro e Aracoiaba, todos com capacidade acima de 90%. Apesar dos sangramentos, 68 açudes ainda registram menos de 30% da capacidade total.