Segundo a mais recente Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e divulgada nesta semana, Fortaleza segue na posição de capital com a cesta básica mais cara em todo Nordeste.
Em 12 meses, o custo da cesta subiu 13,96% na Capital. O valor do item aumentou em 16 de 17 capitais do País monitoradas pelo estudo em janeiro deste ano. Nacionalmente, Fortaleza está em 4º lugar, com um aumento de 4,89%. A inflação nos preços da cesta básica foi influenciada pela alta de dez produtos, dentre eles tomate (22,80%), café (4,24%) e banana (3,81%). No entanto, outros dois produtos registraram uma baixa no preço: arroz (-0,79%) e leite (-0,39%).
Na comparação semestral, a cesta básica em Fortaleza está 7,91% mais cara, uma vez que custava R$ 562,82 em julho de 2021. Aécio Alves, professor de Economia Ecológica da Universidade Federal do Ceará (UFC), avalia que esse aumento se dá por vários fatores – um deles, argumenta o docente, é o climático. Para Alves, por um lado, no Nordeste, as chuvas são menores e falta água. Já no eixo Sul/Sudeste/Centro Oeste, há abundância de chuva e a safra, às vezes, pode se perder.
“O aumento do preço da cesta básica se deve, dentre outras coisas, ao momento de chuva. Com elas, se inicia o plantio. Na nossa região, isso prejudica um pouco por conta da escassez de água. Já nas outras regiões do País, que é de onde vêm a maioria dos produtos da cesta básica, a chuva tem sido bastante intensa e prejudicado a colheita”, explica o economista.
De acordo com o professor universitário, é possível que, nos próximos meses, os preços dos itens subam um pouco mais por causa da espera da colheita da safra que está andamento. “A inflação tem influenciado diretamente o preço da gasolina e, consequentemente, o custo de transporte desses alimentos. E isso se dá pela tentativa do Governo Federal de manter a paridade com o dólar. Se isso não for revisto, essa paridade vai continuar alimentando a inflação, inclusive, a de alimentos,” acrescenta.
PESO NO BOLSO
A partir desse levantamento, o Dieese calcula quanto deveria ser o salário mínimo para a manutenção de uma família de quatro pessoas com base no custo da cesta mais cara. Em janeiro de 2022, o valor deveria ser de R$ 5.997,14, o que equivale a 4,95 vezes o valor do salário mínimo de R$ 1.212. O departamento também estima o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica. Novamente em janeiro deste ano, a jornada foi 112 horas e 15 minutos.
Em dezembro último, o tempo necessário era de 119 horas e 53 minutos. Conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial no Brasil fechou janeiro em 0,54%, o maior resultado para o mês desde 2016, quando o índice registrado foi de 1,27%. Já nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 10,38%, acima dos 10,06% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2021, a variação mensal foi de 0,25%.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A meta do Banco Central (BC) para a inflação neste ano é de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Ou seja, variando entre 2% e 5%.
A desaceleração da inflação neste mês, em relação a dezembro, foi influenciada pelo recuo nos Transportes em 0,11%, sendo esse o único num grupo de nove produtos e serviços pesquisados pelo IBGE a ter queda em janeiro. Em alta, no Brasil, estão as seguintes categorias:
Alimentação e bebidas; 1,11%;
Habitação: 0,16%;
Artigos de residência: 1,82%
Vestuário: 1,07%;
Saúde e cuidados pessoais: 0,36%;
Despesas pessoais: 0,78%;
Educação: 0,25%;
Comunicação: 1,05%.
*Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Priscila Baima