Treze capitais brasileiras registraram aumento no preço da cesta básica em janeiro deste ano. O levantamento, realizado desde 2005, é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), e destacou que Salvador (6,22%), seguida por Belém (4,80%) e Fortaleza (3,96%), registraram os maiores aumentos nos valores dos itens básicos de consumo do brasileiro. As reduções ocorreram em Porto Alegre (-1,67%), Vitória (-1,62%), Campo Grande (-0,79%) e Florianópolis (-0,09%).
No mesmo mês, conforme os dados do Dieese, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.156,15. No entanto, conforme estudo divulgado em dezembro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a renda média do trabalhador brasileiro foi de R$ 3.279,00 em outubro de 2024.
PESO NO BOLSO
Em comparação com o mesmo mês de 2024, o estudo mostrou que 15 capitais tiveram alta de preço, com destaque para as variações das cidades do Nordeste. Fortaleza (13,28%) registrou o maior aumento entre os estados. João Pessoa (10,52%), Natal (10,14%), Recife (8,76%) e Aracaju (8,13%) aparecem na sequência. Duas cidades apresentaram taxas negativas: Porto Alegre (-2,59%) e Belo Horizonte (-1%).
“Em janeiro de 2025, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.156,15, ou 4,71 vezes o mínimo de R$ 1.518. Em dezembro de 2024, quando o salário mínimo era de R$ 1.412, o valor necessário era de R$ 7.067,68 e correspondeu a 5,01 vezes o piso mínimo. Já em janeiro de 2024, deveria ter ficado em R$ 6.723,41 ou 4,76 vezes o valor vigente”, destacou o departamento.
A inflação dos últimos 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 4,8%, valor próximo ao aumento indicado. As cidades do sul e sudeste estão entre as mais caras.
CUSTO
Em Florianópolis, o valor médio da cesta básica foi de R$ 808,75, no Rio de Janeiro, R$ 802,88, e em Porto Alegre, de R$ 770,63. Entre as outras capitais analisadas, Curitiba aparece com R$ 743,69, Vitória com 735,31 e Belo Horizonte com R$ 717,51, mas foram superadas por Campo Grande (R$ 764,24), Goiânia (R$ 756,92) e Brasília (R$ 756,03). As capitais do Norte e Nordeste pesquisadas têm custos abaixo da metade do valor do salário mínimo. Em Fortaleza a cesta básica custou em média R$ 700,44, em Belém R$ 697,81, em Natal R$ 634,11, em Salvador R$ 620,23, em João Pessoa R$ 618,64, no Recife, R$ 598,72, e em Aracaju, de R$ 571,43.
ITENS
A análise do Dieese relaciona o aumento da cesta básica ao comportamento de três itens principais: o café em pó, que subiu em todas as cidades nos últimos 12 meses; o tomate, que aumentou em cinco cidades, mas diminuiu em outras 12 nesse período, mas teve aumento acima de 40% em Salvador, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro, por conta das chuvas; e o pão francês, que aumentou em 16 cidades pesquisadas nos últimos 12 meses, o que, segundo o relatório, configura-se como uma “menor oferta de trigo nacional e necessidade maior de importação, nesse cenário de câmbio desvalorizado”.
Ainda de acordo com o estudo, o reajuste poderia ter sido maior, porém, foi contido por itens como a batata, que diminuiu em todas as capitais no último ano, o leite integral, que, apesar do reajuste durante o ano, teve queda em 12 cidades em dezembro, e o arroz agulhinha e o feijão preto, que têm caído de preço nos últimos meses por conta de aumento na oferta.
Com informações da Agência Brasil.