Cá estou eu, sábado à noite na aconchegante rede amarela assistindo o telejornal. E, lá está mais uma vez, sei lá quantas na semana – reprises de entrevistas dos candidatos à presidência da nossa república de contradições. Triste dizer, mas de uma maneira ou outra, todos se esquivaram das perguntas dirigidas.
No entanto, algumas coisas chamaram-me atenção: os números na ponta da língua – quantos bilhões para estruturar, modernizar com tecnologia – armas e a inteligência das polícias, mais tanto para militarizar, reflorestar, impedir o garimpo ilegal, o tráfico, a proteção do meio ambiente e reorganizar a Amazônia e outros tantos para o saneamento básico das cidades, para tornar ágio, prático e de qualidade a saúde, para construir, reformar, tornar atrativo e eficiente o ensino básico e acabar com a miséria em quatro anos.
Eu não sei se vocês, leitores, concordam, mas tudo que foi elencado e prometido acima são obviedades. Mas, sem a reforma tributária e o imposto sobre as grandes fortunas, tudo isso anda com passos de formiga e sem vontade. Na primeira entrevista, dia 22, o candidato à reeleição que em 2018 se presentava como candidato da antipolítica e contra o Centrão, quando perguntado pelo apresentador:
“Hoje o Centrão é a base do seu governo. Por que o youtuber como aquele que foi cobrar do senhor essa aliança do seu governo e os que se sentiram traídos pelo senhor acreditariam nas suas promessas? “Você está me estimulando a ser ditador”, eis a resposta.
Pois é, para bom entender, o nosso tal de sistema presidencialista está falido. No dia seguinte, eu fui a uma gráfica. O designer gráfico, risonho e gentil disse-me bom dia e logo perguntou: “O senhor viu ontem a entrevista, o cara estimulando o presidente a ser ditador?” As palavras e aquela convicção dele levaram-me a algumas indagações: “Então, ele acreditou mesmo que o entrevistador estava induzindo-o a ser ditador? Será que milhões de pessoas acreditaram no que o entrevistado disse? Vixe!
Os empréstimos para procedimentos estéticos chegaram a 97% em nosso país, só perdemos para os EUA. Por outro lado, entre 2020 e 2021, 7,2 milhões de brasileiros passaram a viver abaixo da linha da pobreza, ou seja, na miséria. Então, como deixar de resolver as nossas mazelas sem a política?