O Ceará ganhou, em um intervalo de apenas de 10, mais de 1,6 milhão de motociclistas. Em 2002, a estimativa é que 119.638 motocicletas estivessem registradas no Estado, número que saltou para 1.789.127 em 2022. Para 2023, a estimativa é de mais de 1,816 milhão, a segunda maior frota do Nordeste, atrás apenas da Bahia, com 1,840 milhão. Os dados são da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). 

Entre os estados que registraram o maior aumento nos números de Carteiras Nacional de Habilitação (CNH) na categoria A nos últimos 10 anos, nove estão localizados nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. O Ceará se destaca no cenário, acompanhando o crescimento expressivo da categoria de motociclistas no Estado.

No ranking de habilitados por estado, o primeiro lugar é ocupado por Alagoas, que registrou um aumento de 113%, alcançando a marca de 329.472 motociclistas, seguido pelo Amazonas (325.685), e pela Bahia (1.691.731). Maranhão e Piauí aparecem em quinto e sexto lugar, respectivamente, com 556.705 e 430.937 motociclistas em 2022, seguido em sétimo lugar por Sergipe, com 324.846 habilitados.

O cearense Darlan Dias, de 25 anos, é um dos novos motociclistas. O morador do bairro Montese, em Fortaleza, tirou habilitação categoria A em 2018, mas somente em 2020 comprou sua moto.

“Escolhi como meio de transporte uma moto para facilitar minha locomoção até o trabalho, pois me estressava muito com o sistema de transporte público de Fortaleza. Também havia os atrasos dos ônibus e terminais que impactavam nos meus compromissos”.

Darlan também frisa que nunca sentiu medo de pilotar uma moto no trânsito de Fortaleza. Para ele, a segurança vem muito da forma responsável que conduz seu veículo no trânsito. Apesar disso, o motociclista cita os prós e contras de ter uma moto. “Os prós de ter uma moto é a facilidade de locomoção, a economia de tempo no trânsito e o custo-benefício em relação à gasolina. Os contras é a insegurança e a desvantagem num acidente (por triplicar o risco de morte e lesões mais sérias)”.

Apesar dos riscos, ele não considera mudar de transporte. Passando uma temporada em São Paulo e vivenciando o trânsito paulista, Darlan ressaltou as suas expectativas em melhorias nas estradas e trânsito do Ceará. “Espero que eles melhorem mais as estradas e as ruas em relação a buracos. Circulo também pelo interior do Estado, visito minha mãe, em Canindé, no Sertão Central, e em alguns momentos do ano, temos uma estrada muito mal conservada e um perigo para quem usa motocicleta. Fora isso, na Capital, ainda temos trechos que são um risco e estão esquecidos pelo poder público”.

DIA DO MOTOCICLISTA

Nesta quinta-feira, 27, é comemorado o Dia do Motociclista. Segundo a Abraciclo, há um investimento do setor na boa formação dos condutores, junto aos órgãos de trânsito, sendo a segurança viária um dos pilares que direcionam as ações da Associação, além de reforçar aos fabricantes que invistam no desenvolvimento de tecnologias voltadas para a segurança e capacitação do motociclista, por meio de cursos, palestras e atividades ligadas ao tema segurança.

AÇÕES DO DETRAN

Em nota enviada ao OPINIÃO CE, o Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran) informou que desenvolve e realiza ações educativas em todo Estado, constantemente, em vários pontos estratégicos como: rodovias estaduais (CEs), avenidas e demais vias com grande quantidade de fluxo de veículos, além de estar presente em praças públicas, eventos e demais locais com grande fluxo de veículos. Conforme o Detran, o trabalho educativo é feito também com oficinas de óculos simuladores de estado de embriaguez, no qual o condutor perde os reflexos em situações que exigem maior atenção no trânsito.

“Nessas ações, a equipe de educadores de trânsito, assim como os agentes de trânsito e transporte do Detran-CE, orientam os motociclistas sobre as leis e deveres dos condutores, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), assim como reforçam a importância da utilização de itens de segurança, em especial, o uso do capacete, que é obrigatório e evita a maioria dos acidentes fatais”, afirmou o Detran em sua nota.

NÚMEROS

Dados da Abraciclo mostram que, no Brasil, a cada quatro brasileiros habilitados para conduzir motocicletas, uma é mulher. As mulheres representam 24% das pessoas habilitadas para dirigir veículos motorizados de duas ou três rodas. Nos últimos 10 anos, o número de mulheres motociclistas aumentou impressionantes 78%, atingindo a marca de 8,9 milhões em 2022. Entre os homens, o aumento nesse mesmo período foi de 40,7%, passando de 19,9 milhões para 28 milhões de habilitados.