O Ceará registrou, entre julho de 2020 e junho de 2022, um total de 1.098 ações policiais, resultando em 44 mortos. Os dados constam do boletim Raio X das Ações de Policiamento, divulgado nesta quinta-feira, 18, pela Rede. O resultado, somado aos da Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo chega a mais de 20 mil ações policiais no período que compreende a pandemia de covid-19. Um total de 1.989 mortes decorrentes dessas operações foram registradas nos cinco estados.
A média aponta que, a cada dez horas, uma pessoa morreu em ação de policiamento.
De acordo com o boletim, o estado mais letal, considerando a proporção média de mortes por ação monitorada, foi a Bahia, onde 16% das operações resultaram em mortes. No Rio de Janeiro, 10,4% dos registros geraram mortes e, em São Paulo, 11,8%. O número representou quase metade dos cerca de 50 mil eventos monitorados pelos observatórios estaduais no período. Desse total, 12.693 foram ações de patrulhamento, 6.671 operações policiais e 879 ações de combate ao novo coronavírus.
De acordo com o boletim, no trimestre de abril, maio e junho deste ano, as ações policiais somaram, respectivamente, 681, 962 e 934, alta de 18% em relação às 584, 736 e 849 observadas no mesmo período de 2021. O mês em que ocorreu o maior crescimento das ações policiais foi maio de 2022 (30%), em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os números apontam que governadores candidatos à reeleição tendem a “mostrar serviço”, à medida em que se aproxima a votação.
Chacinas
Nos últimos 12 meses, duas chacinas foram registradas no Ceará, o dobro do período anterior.
“Em setembro de 2020, quatro homens foram mortos pela Polícia Militar em perseguição na Praia do Futuro. Um dos corpos foi encontrado com o braço decepado. Em março de 2022, três pessoas foram mortas no assentamento dos Palmares, em Ocara, no Maciço do Baturité. E em maio desse mesmo ano, mais três pessoas foram mortas em Novo Oriente, procuradas por terem sequestrado um empresário no Piauí”, aponta o documento.
O Raio X aponta para uma preocupação com o estado, de que o padrão de policiamento estaria sendo alterado e baseando-se na letalidade, como ocorre na Bahia e no Rio de Janeiro.
O boletim também aponta que, apesar de parcela considerável das ações de policiamento ter como motivação a repressão ao tráfico de drogas, as apreensões não são rotina. No geral, em ambos os períodos, menos de 26% das ações de policiamento resultaram em apreensões de drogas, sendo o Ceará o estado onde ocorrem menos operações com apreensões (12% de julho de 2020 a junho de 2021 e 7% de junho de 2021 a junho de 2022).
Dessa forma, segundo parâmetros utilizados pelas forças policiais, apenas 26% das ações da policial são “produtivas”, “bem sucedidas” em termos de apreensão de drogas entre julho de 2020 e junho de 2021, e 21% no período entre julho de 2021 e junho de 2022.
O Ceará foi o estado que registrou menor número de apreensões (7%) no último ano.