De acordo com estimativa de 2019 divulgadas nesta terça-feira, 25 pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), o Ceará possui 131 localidades indígenas, sendo que apenas 8 são terras indígenas oficialmente delimitadas, e 78 são agrupamentos indígenas. Até o último dia 29 de agosto, quando foram coletados os dados divulgados no primeiro balanço do Censo Demográfico 2022, já haviam sido mapeados 12.605 indígenas e 5.665 quilombolas no Estado.
O Ceará estava constituído, segundo o Censo 2010, de 31,99% de brancos, 4,64% de pretos, 1,24% de amarelos, 61,84% de pardos e 0,22% de índios. Os dados também revelam que, em números relativos, a Capital concentrava mais brancos que o Interior, e a proporção de negros, pardos e índios é maior no Interior. Um dado revelado pelo Censo 2010 é que, pelo menos 15% dos Municípios, não tinha autodeclaração de indígena. São eles:
- Croatá;
- Ererê;
- General Sampaio;
- Guaramiranga;
- Martinópole;
- Mucambo;
- Palmácia;
- Paraipaba;
- Paramoti;
- Pires Ferreira;
- Potengi;
- Saboeiro;
- Tarrafas;
- Umari; e
- Uruoca.
Em nota, o IBGE informou que tem buscado, na última década, melhorar o trabalho sobre o tema, pensando a tradicionalidade no Brasil para além dos povos indígenas, ao incluir também as comunidades quilombolas, e aperfeiçoando o trabalho já desenvolvido com os povos indígenas.
Entre as mudanças implementadas que visam a aprimorar o trabalho com essas populações, o instituto destacou a realização de contatos prévios com as lideranças, a reformulação do questionário direcionado aos povos indígenas, e a implementação do questionário de abordagem para traçar um perfil das comunidades antes de iniciar a coleta nos domicílios.
ALGUNS DOS PRIMEIROS NO CEARÁ
Iniciado o trabalho no Ceará, os Jenipapo-Kanindé em Aquiraz e os Pitaguary em Maracanaú foram alguns dos primeiros povos indígenas a receberem os recenseadores. Os Jenipapo-Kanindé vivem na Terra Indígena Lagoa da Encantada, no município de Aquiraz-CE, entre as dunas da praia e a lagoa.
Daniel Alves, que trabalha no Centro de Referência de Assistência Social às famílias indígenas (Cras), fez questão de expressar sua satisfação em ver seu povo ser recenseado. “É muito importante para a nossa política indigenista o IBGE estar atuando nas nossas comunidades. O Estado vai ver nossas necessidades, ver o que os povos indígenas estão precisando”, comemorA Daniel.
Alexandre da Silva, coordenador da Lagoa da Encantada, reforça. “São com esses dados que será possível trazer políticas públicas para as comunidades e implementar direitos que já estão garantidos na Constituição. Sem mapear os povos indígenas, não será possível termos esse retrato fiel.” O OPINIÃO CE entrou em contato com a Fundação Nacional do Índio (Funai) por telefone e e-mail para saber conversar sobre a importância do Censo para a população indígena, mas não teve retorno até o fechamento deste conteúdo.
DADOS NACIONAIS
No ano de 2010, no país, existiam, aproximadamente, 897 mil indígenas. Entre essas pessoas, cerca de 517 mil viviam em terras indígenas. À época, havia 305 etnias e 274 línguas indígenas. A maioria dos indígenas brasileiros não falavam a língua indígena (57%). No último dia 3, o balanço parcial do Censo Demográfico 2022 registrou 860.358 indígenas (0,82% da população até agora recenseada) em todo o território brasileiro.