Após pouco mais de um mês do fim da quadra chuvosa deste ano, o Ceará ainda registra reservatórios com capacidade máxima, totalizando um acumulado de 50,1% da capacidade total do Estado. A Bacia da Região Metropolitana de Fortaleza é a que mais se destaca, apresentando nove açudes em vertimento, como o Pacajus, que completou 100 dias de sangria na última sexta-feira, dia 30 de junho.
Segundo dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), no mesmo período de 2022, o Ceará registrava 39.3% de sua capacidade, 10,8% a menos que neste ano. Apesar do quadro positivo em 2023, o secretário dos Recursos Hídricos, Robério Monteiro, adianta a importância da economia de água. “Apesar de bons aportes acumulados em algumas regiões neste ano no nosso estado, é importante ressaltar que temos um cenário de El Niño previsto para 2024, que nos lembra que devemos gerir toda essa água de forma consciente e responsável”, destaca Robério.
Na Bacia do Banabuiú, que recebeu o aporte mais significativo de 2023, o acumulado atual é de 41%, estando os açudes Fogareiro, Patu e São José II com capacidade máxima. Já as Bacias do Acaraú e do Curu registram dois açudes em vertimento cada, enquanto as Bacias do Litoral, Médio Jaguaribe, Salgado e Alto Jaguaribe apresentam um açude em vertimento cada.
EL NIÑO NO CEARÁ
Em balanço da quadra chuvosa deste ano, realizado em junho, as autoridades cearenses demonstraram preocupação com o fenômeno do El Niño no Estado. O evento foi conduzido por gestores do Sistema Hídrico do Ceará. Segundo Eduardo Sávio, presidente da Funceme, caso o El Niño se consolide, haverá uma “subsidência de ar”, ou seja, um fluxo de ar de cima para baixo, o que impediria a formação de nuvens, já que o vapor quente úmido não conseguiria se elevar e, consequentemente, formar as nuvens para a precipitação.
“Por isso que a gente tem que manter o monitoramento, e que a alocação leve isso em consideração para usar essa informação nas decisões e liberações ao atendimento de demandas que são previstas pelo sistema de reservatórios do Estado”, explicou.
A quadra chuvosa deste ano terminou com o maior volume hídrico registrado nos últimos 10 anos, com 51% da capacidade total nos 157 açudes do Ceará.