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5 de novembro de 2024

Ceará registra aumento de quase 190% nos casos de covid-19

Entre os dias 19 e 25 de novembro, foram registradas 716 pessoas infectadas.
Principal forma de prevenção é a atualização do seu esquema vacinal. Foto: José Wagner/Sesa

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De acordo com os dados da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), divulgados nesta quarta-feira (29), o Ceará registrou um aumento de quase 190% nos casos de covid-19, entre os dias 19 e 25 de novembro. Neste período, 716 pessoas foram diagnosticadas com a infecção. Na semana anterior, de 12 a 18 de novembro, houve 247 registros. O acréscimo pode estar relacionado à circulação da EG.5, a “variante Eris”.

Os dados refletem o resultado de testes rápidos e de exames RT-PCR realizados em todo o território cearense. De 19 a 25 de novembro, o Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) realizou 577 testes RT-PCR para covid-19. O índice de positividade verificado foi de 21,3%, com 156 casos confirmados.

Segundo o secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antonio Lima Silva Neto, o Tanta, este aumento pode estar relacionado à circulação da EG.5,“variante Eris”, que começou a circular em São Paulo em agosto, mas já foi percebida no Nordeste. “Esta variante é capaz de driblar a memória imunológica e provocar infecção respiratória ou síndrome gripal. Esse é o cenário que provavelmente está se configurando ao longo do mês de novembro”, explica.

Vírus sazonais 

A virologista e epidemiologista Caroline Gurgel, que também é professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que os vírus respiratórios possuem sazonalidade. “Após três anos de observação, é percebido um comportamento cíclico onde uma maior circulação viral e consequentemente as doenças por eles causados ocorre”, pontua. Aqui no Ceará, esse ciclo geralmente acontece no fim de dezembro até junho, onde a Influenza e vírus sincicial respiratório costumam circular na quadra chuvosa.

Desde 2020, o Ceará convive com o Sars-Cov2 que, por ter se adaptado ao ser humano e por infectar outros animais (era um vírus zoonótico e agora um vírus antropozoonótico), não deixará de circular por dois motivos principais: “não confere imunidade duradoura, mesmo através da vacina ou naturalmente, os anticorpos não duram mais que oito meses, o que coincide então com as curvas epidêmicas, e a capacidade de mutação”, explica a epidemiologista.

Então, assim como o influenza, outros coronavírus humanos — OC43, NL63, 229E e o HKU — e rinovírus tornaram-se endêmicos, o Sars-cov2 também será, acredita Caroline.

“Não significa caos na saúde pública”

O aumento no número de infectados e doentes, contudo, não significa caos na saúde pública, ressalta Caroline. “Para quebrar o sistema tem que internar e morrer muito, acima de 2% letalidade, o que não está ocorrendo desde dezembro de 2021”, observa. A imposição de novas restrições, como diminuição na circulação de pessoas ou suspensão de eventos, só seria necessário com uma variante mais greve, “o que não é o caso da subvariante Eris”, acrescenta.

Os sintomas causados pela Eris são iguais aos de um resfriado comum ou gripe e que pode vir a transcorrer com mais gravidade nas pessoas que acumulam fatores de risco. Em São Paulo, onde a variante chegou anteriormente, houve um aumento de casos e internações, “mas dentro do esperado”, reforça Caroline.

“Precisamos frisar que sempre perdemos pessoas para vírus respiratórios. Eu trabalho com vírus desde 2009, então existe um ‘termômetro’ do que é habitual e do que foge e se faz necessária uma intervenção mais severa. Não é o que está ocorrendo agora. O retorno das restrições, circulação nas ruas, de novamente a obrigatoriedade do uso de máscaras, limitação de grandes eventos, somente deve ocorrer se a letalidade ficar muito alta”, entende a epidemiologista.

O próprio secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antonio Lima Silva Neto, o Tanta, reforça que o cenário epidemiológico tem sido monitorado mas que, até o momento, “apresenta um impacto moderado sobre a rede assistencial”, comenta.

Prevenção

Apesar do cenário não ser grave, é importante ressaltar que a principal forma de prevenção é a atualização do esquema vacinal, que garante proteção contra as novas variantes. “A bivalente induz a produção de anticorpos capazes de neutralizar com mais eficiência a transmissão do vírus, uma vez que incorpora as novas variantes da doença predominantes no Brasil e em todo o mundo”, explica Tanta.

O secretário reforça que o Estado tem vacinas e testes para garantir a proteção e diagnóstico da doença. “O abastecimento de testes e vacinas contra a covid-19 está regularizado em todo o Ceará”.

Atualmente, a vacina é indicada contra a doença a partir dos seis meses de vida para toda a população. O esquema vacinal varia conforme a faixa etária. O imunizante está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nos Vapt Vupt, mediante agendamento. Para ter acesso, é preciso apresentar documentos originais de identidade com foto e, se possível, comprovante de vacinação anterior.

Em caso de sintomas gripais, as pessoas podem procurar um atendimento médico e realizar o teste quando houver recomendação do profissional de saúde. “As medidas de prevenção não devem ser negligenciadas. Apesar da flexibilização do uso de máscaras, o equipamento de proteção continua sendo recomendo”, explica o secretário.

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