No Relatório Brasileiro de Transplante (RBT), da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), divulgado na última sexta-feira (6), o Ceará aparece como o principal Estado brasileiro em transplantes de córnea, realizando 633 transplantes no primeiro semestre deste ano, o que corresponde a 144 a cada milhão de habitantes no estado. O Ceará também se destaca nos transplantes de fígado e coração, ocupando, respectivamente, o segundo e terceiro lugar. Em ambos tipos de transplante, o Estado é o líder do Nordeste.
“Hoje, o Ceará realiza quase todos os tipos de transplantes e não costumamos enviar pacientes para outros Estados para realizar esse tipo de procedimento. Pelo contrário, recebemos pacientes de outras regiões do Brasil”, destaca a orientadora da célula do Sistema Estadual de Transplantes (Cetra) da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Eliana Régia Barbosa.
A orientadora ainda cita algumas ações que tornaram o Ceará referência nacional em doação de órgãos e tecidos.
“A criação do Banco de Olhos do HGF em 2006, a realização de mutirões, o aumento dos números de centros transplantadores no estado, as equipes dos hospitais notificadores e a implantação de novos bancos de olhos fazem parte dessa estratégia para mantermos esses bons índices. No entanto, o diferencial foi a implantação de uma equipe na Perícia Forense, possibilitando a doação de córneas em óbitos que ocorrem fora dos hospitais e o Serviço de Verificação de Óbito, que, a partir desse ano, tornou-se parceiro nas doações e captações de córneas”, pontua a profissional.
O relatório também indicou o crescimento no número de transplantes de rim, fígado e coração, comparando com o mesmo período do ano passado. No ranking nacional, o Ceará aparece em quinto lugar no número de doadores efetivos de órgãos, com uma taxa de 25 doadores por milhão de habitantes. O doador efetivo é se trata de casos em que, após constatado ser apto à doação pela equipe médica, o doador falecido tem seus órgãos removidos para a efetivação do transplante.
“A grande maioria dos transplantes ocorre com órgãos de doadores falecidos. O desejo de ser um doador deve ser informado à família e aos familiares devem ser encorajados a fazerem o mesmo, porque essa ação salva vidas, proporciona qualidade de vida e enaltece sentimentos de solidariedade, amor ao próximo e cidadania”, ressalta Eliana.
Conforme o Ministério da Saúde, a fila de espera para transplantes de córnea é zerada. Atualmente, quem solicita um transplante de córnea pode realizar o procedimento em um mês, 15 dias ou até em menos tempo. Para doar órgãos e tecidos, basta que a pessoa deixe a família ciente do seu desejo, pois a família é quem vai autorizar a doação. O Ceará realiza transplantes de rim, fígado, pulmão, pâncreas, coração, medula óssea, córnea e válvulas cardíacas.