A Secretaria da Igualdade Racial (Seir) inicia, nesta semana, um levantamento estratégico de dados sobre empreendedorismo negro, quilombolo, cigano e de povos de terreiros do Ceará. A ação visa reunir e qualificar informações para a elaboração de projetos e norteamento de políticas públicas voltadas para economia desses perfis. Para participar, os empreendedores que se enquadram no perfil devem preencher o formulário disponível na página da Seir no Instagram.
A pesquisa faz parte das políticas de ações afirmativas da população negra e dos Povos de Comunidades Tradicionais (PCTs) aos quais as iniciativas da Seir se destinam: quilombolas, povos de terreiro e comunidade cigana. O apoio ao trabalho e atividade econômica desta população é um dos eixos de atuação da pasta estadual. Para a titular da Seir, Zelma Madeira, apoiar e fomentar o empreendedorismo negro e dos PCTs, é um caminho para reduzir as dificuldades financeiras e econômicas que o racismo impõe.
“Esses grupos tendem a ser marcados por muita vulnerabilidade, pelo desemprego, pela pobreza. E, diante desses cenários de dificuldade econômica, de geração de emprego e renda, muitos deles buscam o quê? Empreender. Então, o nosso propósito maior com esse levantamento é conhecer esses empreendedores, o que fazem, onde estão, quais as demandas principais,” disse.
PARCERIAS
No início deste mês, no dia 4 de setembro, a Secretaria da Igualdade Racial firmou parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Ceará (Sebrae) e com a Secretaria do Trabalho (SET). A parceria visa realizar capacitação e formação para empreendedores negros e PCTs, além de ações para o ingresso no mercado de trabalho. Uma das ideias da parceria é a criação de uma plataforma para cadastro específico do perfil desses trabalhadores, como estratégia de inserção em empregos formais e geração de renda.
Também está prevista a criação de banco de dados para raça/cor/etnia, com critérios de autodeclaração dos trabalhadores usuários dos serviços do IDT/Sine e formações sobre as relações étnico-raciais e o racismo diretamente com empresas/empregadores.
DESIGUALDADE
Um estudo do Sebrae aponta que o Brasil possuía 29,9 milhões de donos de negócios, no segundo trimestre de 2022. Deste total, 15,9 milhões são negros, o que corresponde a 52% do número de donos de negócios no país. Os dados são baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a Seir, o Ceará está acima da média nacional, com os negros respondendo por cerca de 70% dos donos de negócios no estado. Mesmo representando a maioria no país, os empreendedores negros ainda possuem uma média de ganhos cerca de 32% menor que os donos de negócios brancos. Enquanto os empresários brancos do sexo masculino têm média de ganhos mensais de R$ 3.231,00, os homens negros donos de negócio faturam em média R$ 2.188,00.