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18 de setembro de 2024

Ceará inicia 2023 com a melhor reserva hídrica em 10 anos

Em 2013, Estado marcava, em 1º de janeiro, 45,2% de recarga nos 147 açudes monitorados pela Cogerh. Hoje, são 157 reservatórios estratégicos em território cearense
Foto: Natinho Rodrigues em 04/2022

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O Ceará iniciou o ano de 2023 com uma recarga hídrica de 31,4%, o melhor volume desde 2013, quando o Estado marcava, em 1º de janeiro daquele ano, 45,2% de recarga nos 147 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) à época – hoje, são 157 reservatórios estratégicos no Estado. Os dados foram levantados pelo OPINIÃO CE no Portal Hidrológico da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) neste último domingo, 8, quando o Ceará manteve 31,2% de recarga.

Atualmente, conforme a plataforma, o Estado tem um reservatório sangrando, o Germinal, na cidade de Palmácia, e outros três acima dos 90%, mas que ainda não ultrapassaram suas respectivas lâminas: Caldeirões (Saboeiro), Aracoiaba (Aracoiaba) e Rosário (Lavras da Mangabeira). A situação, em relação ao número de açudes com mais de 90% de recarga é melhor, inclusive, que em 2013, quando apenas um reservatório se encontrava nesses limites.

Segundo a SRH, as regiões do Coreaú, Acaraú, Serrá da Ibiapaba, Litoral, Região Metropolitana e Baixo Jaguaribe apresentam as melhores condições neste início de ano, com aporte de cerca de 73%. Na contramão dos grandes aportes se encontra as regiões do Médio Jaguaribe, Sertões de Crateús e Banabuiú, que possui o menor acumulado do Estado, na casa dos 10%.

ANO PASSADO
Em 2022, o açude Orós, um dos três maiores do Estado, chegou a 50% de aporte, o maior número desde o ano de 2014. A última quadra chuvosa (fevereiro a maio de 2022) também possibilitou uma boa recuperação do açude Castanhão. O reservatório hoje registra marca de 19,79% de volume. Outro destaque no ano de 2022 foi a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), que atingiu 100% de aporte em seus reservatórios, excluindo a necessidade de transferência de água do Açude Castanhão para a Grande Fortaleza.

Também conforme a SRH, o panorama hídrico traz certa tranquilidade, mas ainda inspira cuidados, principalmente nas regiões onde os aportes não foram expressivos e as chuvas não foram satisfatórias.

QUADRA CHUVOSA
O volume acumulado atualmente tem relação com a boa quadra chuvosa de 2022, considerada a terceira melhor da década, segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Entre fevereiro e maio de 2022, choveu 620,50 mm. De 2012 até 2022, apenas 2020 (736,20 mm) e 2019 (670,88 mm) registraram maiores acumulados no mesmo intervalo.

Além disso, se observados os últimos 20 anos, segundo a Funceme, 2022 apresentou, ainda, a sexta melhor quadra chuvosa. O prognóstico para o próximo período chuvoso no Ceará, de fevereio a maio, deve ser apresentado pela Funceme no dia 20 deste mês.

PERSPECTIVA
Mesmo aguardando o prognóstico oficial da Funceme para este ano, a perspectiva para o próximo período chuvoso no Ceará é positiva, assim como o esperado para os próximos 15 anos, segundo analisaram pesquisadores no evento “Perspectivas Climáticas Para o Ceará em 2023″, ocorrido em dezembro.

A momento foi organizado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faec) e acompanhado pela reportagem. “Vamos ter um ano bastante bom aqui no Ceará e, nos próximos 15 anos, a frequência de anos bons vai aumentar. Não espero nenhuma grande seca até 2035″, explicou, à época, Luiz Carlos Molion, pós-doutor em hidrologia de florestas e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “Nosso produtor vai ter esses próximos 15 anos para trabalhar de uma forma tranquila.”

“Vamos ter janeiro chuvoso, fevereiro vai ficar um pouco abaixo do normal e, depois, março, abril e maio com bastante chuva”, disse, na ocasião.

LISTAS
Recargas em 1º de janeiro dos últimos 10 anos
2023: 31,4% (0 sangrando e 4 acima dos 90%)
2022: 20,6 (0 sangrando e 0 acima dos 90%)
2021: 25,5% (0 sangrando e 1 acima dos 90%)
2020: 14,4% (0 sangrando e 1 acima dos 90%)
2019: 10,5% (0 sangrando e 2 acima dos 90%)
2018: 7,2% (0 sangrando e 1 acima dos 90%)
2017: 6,7% (0 sangrando e 0 acima dos 90%)
2016: 11,1% (0 sangrando e 0 acima dos 90%)
2015: 19,5% (0 sangrando e 1 acima dos 90%)
2014: 29,3% (0 sangrando e 2 acima dos 90%)
2013: 45,2% (0 sangrando e 1 acima dos 90%)

Situação dos 3 maiores açudes do Ceará atualmente
Castanhão: 19,79% (2023) – 8,26% (2022)
Orós: 43,36% (2023) – 22,49% (2022)
Banabuiú: 9,15% (2023) – 8,23% (2022)

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