O Ceará passou a contar com um Centro de Atendimento Emergencial às Tartarugas Marinhas. A unidade foi inaugurada no fim de dezembro, no Centro de Estudos em Aquicultura Costeira (CEAC), do Instituto de Ciências do Mar (Labomar-UFC), na cidade de Eusébio. No evento de inauguração, o então secretário do Meio Ambiente, Artur Bruno, explicou que a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) deve fornecer a autorização para que o equipamento possa começar a funcionar, o que deve acontecer em fevereiro.
O ex-titular também ressaltou o trabalho realizado em parceria entre Estado e a Universidade Federal do Ceará.
“Hoje, o governo do Ceará conta com 20 equipes de Cientista Chefe em vários órgãos, unindo o poder público e a academia, em prol da sociedade, com pesquisa e ciência. Trabalhando conosco há cerca de dois anos e meio, temos cinco projetos e dois subprojetos de programas da SEMA que hoje são tocados por estes pesquisadores e professores, de várias universidades. Destaco aqui a Política Estadual de Gerenciamento Marinho Costeiro e a Lei do Mar, esta última recentemente aprovada na Assembleia Legislativa”, informou.
De acordo com a Sema, dezenas de tartarugas são encontradas encalhadas no litoral cearense todos os anos. Quando estão vivas, são levadas ao Rio Grande do Norte para tratamento. Algumas acabam não resistindo ao trajeto. O Centro visa possibilitar os primeiros socorros aos quelônios. Em 2021, oito tartarugas marinhas vivas foram encaminhadas para reabilitação em Areia Branca. Houve 139 encalhes de tartarugas marinhas mortas no Ceará. Além disso, foram descobertos 39 ninhos na Sabiaguaba e Praia do Futuro e um ninho em Aquiraz. No total, foram lançados ao mar 2.565 filhotes.
O equipamento inaugurado contará com três ambientes:
- uma sala ambulatorial e laboratorial;
- outra com uma cozinha e organização de material de escritório;
- e uma área de estabilização com quatro tanques.
A oceanógrafa Malu Vilanova, integrante da equipe Cientista Chefe Meio Ambiente SEMA/Semace, que coordena o equipamento, esclarece que ele funcionará como um “centro de estabilização”, e não de reabilitação. para as tartarugas. “Elas chegam geralmente em quadro de urgência. São animais resilientes que só encalham quando não tem mais a mínima força para nadar ou vencer obstáculos. Enfrentam problemas que vão deste de patologias, ingestão de lixo, acidentes com embarcações ou petrechos de pesca”.
Malu explica também que algumas tartarugas aparecem inclusive com quadro secundário de afogamento. No Centro de Atendimento Emergencial serão realizados exames de anamnese para diagnóstico inicial. Após a estabilização, os animais são encaminhados para realizar a viagem de 300km até o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres Cetáceos da Costa Branca, em Areia Branca-RN, onde serão submetidos a cuidados mais específicos que poderão possibilitar sua reintrodução na natureza.