Segundo Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, hiper e supermercados lideram em todo Brasil, com abertura de mais de 54 mil lojas
Priscila Baima
priscila.baima@opiniaoce.com.br

Balanço divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que o Ceará somou em 2021 pelo menos 5,5 mil novos estabelecimentos varejistas. No Brasil, o total ficou em 2,4 milhões de estabelecimentos ativos. Segundo a CNC, hiper e supermercados lideram em todo País, com a abertura de mais de 54 mil lojas. Em segundo lugar, no ranking também nacional, estão lojas de utilidade domésticas e eletroeletrônicos, com cerca de 38 mil novos estabelecimentos.
O economista sênior da CNC, Fábio Bentes, responsável pelo levantamento, aponta que, apesar de ser um número baixo em relação aos outros estados, o Ceará segue na média que o estado representa no cenário varejista do Brasil. “O Ceará está atrás de estados cujo o tamanho do varejo no cenário nacional é bem maior. São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e outros fazem com que a quantidade de estabelecimentos abertos acabe respeitando essa importância de cada estado no cenário do varejo. De forma geral, em São Paulo, estamos falando de 30% do varejo, já no Ceará é 3%”, explica.
Além disso, ainda segundo Bentes, a quantidade de lojas abertas no Ceará em 2021 é, de certa forma, muito parecida com o que se espera do estado. Cerca de 2,5% das lojas abertas no Brasil em 2021 se deu no Ceará, portanto, “muito próximo dos 3% que o varejo cearense costuma representar no cenário brasileiro”, acrescenta o economista.
Em termos relativos de crescimento da quantidade de lojas abertas no Brasil, o levantamento apontou alta de 8,5% no ano passado. Na avaliação de Bentes, no Ceará, o ritmo também foi muito parecido, de 8%, “porque a quantidade de lojas abertas no estado foi 8% maior do que 2020, por exemplo. Essa posição do cenário cearense acabou respeitando a magnitude e relevância do comércio cearense no contexto nacional”, pontua.
BALANÇO POSITIVO POR TRÊS FATORES
Bentes avalia que o balanço do ano passado foi positivo em virtude de três fatores. “O primeiro foi que, no ano passado, o número de vendas no varejo no conceito ampliado, teve um aumento de 4,5% já descontado a inflação. Esse foi o maior aumento do volume de vendas medido pelo IBGE desde 2018. Outro fator é que muitas empresas foram reabertas depois da primeira e segunda ondas da pandemia.”
Além disso, segundo o especialista, o e-commerce teve força no último ano. “Muitas pessoas que perderam o empreender ao longo da pandemia ou que viram a explosão do e-commerce pós-pandemia investiram em lojas virtuais.” O economista Davi Azim, membro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), explicou ao OPINIÃO CE que mais de 5 mil lojas abertas no estado representa ainda assim um avanço para a economia cearense no que diz respeito às facilidades de abertura de crédito e das transformações do mercado de trabalho.
“O Ceará segue um rito de um novo mercado de trabalho, pois negociações entre patrões e empregados foram modificadas. Há um novo comportamento nesse mercado e, consequentemente, um novo estímulo para a abertura de empresas no estado do Ceará. Além disso, há uma maior oferta de crédito para os consumidores. Hoje, qualquer loja que você vai, você recebe ofertas de crédito por parte das lojas e isso tem aquecido o comércio”, explica Azim. Mais de 92% das empresas abertas foram de micro (158,23 mil) ou pequeno porte (29,99 mil) no Brasil.
No geral, esses dois tipos de estabelecimentos comerciais representam 91,5% do total de lojas ativas no varejo brasileiro. Hiper, super e minimercados (54,09 mil), lojas de utilidades domésticas e eletroeletrônicos (38,72 mil) e lojas de vestuário, calçados e acessórios (28,34 mil) foram os segmentos que mais se destacaram no saldo positivo apurado em 2021, ao representarem mais da metade das aberturas líquidas de estabelecimentos.
Regionalmente, os Estados de São Paulo (55,69 mil), Minas Gerais (18,38 mil), Paraná (15,16 mil) e Rio de Janeiro (14,10 mil) concentraram mais da metade das lojas abertas no ano passado. Em termos relativos, no entanto, Amapá (+1.016 mil lojas), Distrito Federal (4.557 mil) e Pará (6.226 mil) foram as unidades da Federação a acusar as maiores taxas anuais (+17,0%, +15,4% e +14,6%, respectivamente).
Nesse raking, o Ceará está na 11ª posição, ficando atrás da Bahia e Pernambuco, respectivamente. Para o economista, a reação de cada estado se dá de forma diferente e isso deve ser levado em consideração. “Na Bahia, há um parque industrial muito maior que o daqui e isso auxilia na abertura de novos empreendimentos. São essas diferenças que fazem as reações de cada estado serem diferentes. Todavia, isso não quer dizer que no futuro o estado do Ceará não venha avançar ainda mais”, conclui.