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14 de junho de 2025

Ceará é o segundo estado do NE em número de carros por pessoa; entenda os impactos

O economista ambiental, Roberto Pontes, pontuou quais os principais efeitos dos números ao Estado
FOTO: BEATRIZ BOBLITZ

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De acordo com dados do Ministério da Infraestrutura (MInfra), o Ceará é o segundo estado do nordeste com maior número de carros por pessoa. Em comparativo com Pernambuco, que tem população quantitativamente inferior e é o terceiro estado nordestino com maior número (3,4 milhões), a Capital cearense apresenta quase o mesmo total de carros – 3,6 milhões.

Em conversa com o OPINIÃO CE, o economista ambiental, Roberto Pontes, pontuou quais os principais efeitos dos números ao Estado com base na Bioeconomia, ciência que estuda aspectos da vida do planeta, em especial, dos recursos naturais, o uso e os impactos de tal em relação à natureza.

A questão automobilística tem diversas vertentes a serem consideradas. Uma delas é a relação dos gases emitidos pelo veículo com a cobertura vegetal.  “De um lado nós temos os veículos queimando combustíveis fósseis, o que intensifica a poluição.  Por outro lado, as trocas gasosas que ocorrem com a cobertura vegetal, trazem bons efeitos para os seres vivos em geral e ajudam, inclusive, na paisagem. Isso indica que quanto mais árvores nas calçadas e praças, maior o impacto positivo”, pontua o economista.

Segundo Pontes, o aumento da temperatura é uma notável consequência do grande número de carros na cidade, devido à emissão de calor dos motores.  Além disso, a largura das ruas é outro fator que acarreta impactos negativos. “A maioria das ruas de Fortaleza apresentam larguras estreitas, em geral, algo em torno de 7 metros. Então, é importante entender que a medida de redução de velocidade para 50 km/h em muitos trechos da cidade proporciona que o carro demore mais para fazer seu trajeto e, paralelamente a isso, os veículos ficam também parados nos sinais por mais tempo. Tudo isso coopera para o aumento da temperatura e poluição, pois, dessa forma, temos motores ligados por mais tempo“, explica.

De acordo com o economista, uma sequência de carros parados por 3 minutos apresenta a possibilidade de aumentar até 1° na temperatura do trecho em questão devido ao calor dos gases emitidos. Questionado sobre caminhos possíveis para a mudança da realidade negativa, Pontes disse acreditar que uma das soluções é a sincronização dos semáforos:

“O que observamos em Fortaleza é que muitas vezes você está parado em um sinal e já consegue avistar o sinal seguinte, indicando a extrema proximidade entre eles. Na hora que o seu sinal abre, o próximo fecha assim que você chega nele. Essa situação serve apenas para gerar mais tempo de carro parado e, consequentemente, mais poluição, maior aumento da temperatura e o impacto geral no meio ambiente. Seria interessante pensarmos na sincronização dos sinais, visando um fluxo de veículos mais fluido. Com isso, ocorreria a redução do engarrafamento, da temperatura no trecho.”

Sobre os resultados a serem esperados em relação ao aumento do preço dos combustíveis previstos para essa semana, Pontes cita, primeiramente, o impacto econômico e a redução do poder aquisitivo da população de modo geral. “Não será somente aos donos dos veículos, mas sim à toda população. Afinal de contas, os combustíveis, direta ou indiretamente, irão impactar no preço da cesta básica e em outros produtos, pois o custo é transmitido para o preço e quem paga esse preço é o consumidor final”, esclarece.

Do ponto de vista ambiental, o economista ressalta a continuidade dos mesmos problemas, embora a intensidade possa variar. Para ele, em razão do aumento dos preços, notadamente, o da gasolina, “pode-se esperar uma certa migração do consumo da gasolina para o etanol, que aumentará de maneira mais branda”. Apesar disso, Pontes ressalta que a migração fará com que o nível de poluição se mantenha:

“Mesmo que o etanol seja um combustível limpo, o restante dos fatores como temperatura, condição dos carros nas ruas, engarrafamento acabam trazendo os mesmos impactos ao meio ambiente. Haverá uma redução no começo, mas depois espera-se uma acomodação da própria economia em relação ao consumo dos combustíveis.”

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