O Ceará chegou, na manhã desta quarta-feira, 29, a 40 reservatórios considerados estratégicos sangrando. Este é o maior número, para o período (29 de março), dos últimos 20 anos. Além disso, é o segundo melhor resultado deste século, atrás apenas do observado em 2004, quando o Estado possuía 70 reservatórios vertendo em igual período daquele ano. Além disso, o Ceará possui atuais 38,2% de recarga nos 157 açudes monitorados, melhor abastecimento, para o período, desde 2013, quando marcava 40,7%.
Os números foram levandados pelo OPINIÃO CE no Portal Hidrológico, gerido pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). As informações foram atualizadas às 10h49.
SÉRIE HISTÓRICA PARA 29 DE MARÇO:
- 2023: 38,2% de recarga (40 açudes sangrando)
- 2022: 28,1% de recarga (17 açudes sangrando)
- 2021: 26,0% de recarga (9 açudes sangrando)
- 2020: 25,7% de recarga (33 açudes sangrando)
- 2019: 13,7% de recarga (24 açudes sangrando)
- 2018: 8,5% de recarga (9 açudes sangrando)
- 2017: 10,3% de recarga (6 açudes sangrando)
- 2016: 11,5% de recarga (2 açudes sangrando)
- 2015: 18,0% de recarga (1 açude sangrando)
- 2014: 28,7% de recarga (0 açudes sangrando)
- 2013: 40,7% de recarga (0 açudes sangrando) *147 monitorados
- 2012: 65,5% de recarga (7 açudes sangrando)
- 2011: 65,1% de recarga (23 açudes sangrando)
- 2010: 67,3% de recarga (2 açudes sangrando)
- 2009: 67,1% de recarga (18 açudes sangrando)
- 2008: 52,8% de recarga (18 açudes sangrando)
- 2007: 54,2% de recarga (6 açudes sangrando)
- 2006: 49,4% de recarga (4 açudes sangrando)
- 2005: 62,0% de recarga (3 açudes sangrando)
- 2004: 76,2% de recarga (70 açudes sangrando) * 147 açudes monitadoras
- 2003: 27,1% de recarga (29 açudes sangrando)
- 2002: 18,0% de recarga (10 açudes sangrando)
- 2001: 14,3% de recarga (0 açudes sangrando)
- 2000: 13,4% de recarga (7 açudes sangrando) *147 açudes monitorados
Um dos açudes a verter neste ano foi o Patu, em Senador Pompeu. O reservatório, que causou enchentes, invadiu casas e destruiu vias públicas, não sangrava há 12 anos, desde 2011. Segundo a Cogerh, a região do Sertão Central, onde está localizado o equipamento hídrico, é marcada por baixos aportes e tem uma reserva hídrica ainda classificada como estado de alerta. Atualmente, a região do Banabuiú possui apenas 17% de água acumulada em seus reservatórios, enquanto a bacia do Sertão de Crateús se encontra com 14,8%.
Os grandes volumes de chuva ocorridos na região, nos últimos dias, fizeram com que o açude Patu voltasse a ultrapassar sua capacidade máxima, de 65,1 milhões de metros cúbicos, sendo um dos maiores reservatórios da bacia do Banabuiú.
Outro reservatório a sangrar pela primeira vez em mais de 10 anos no Ceará foi o Cachoeira, em Aurora. A última vez que o reservatório verteu havia sido abril de 2009, de acordo com o Portal Hidrológico do Ceará. O Cachoeira tem volume total de 34,3 milhões de metros cúbicos (m³) e foi o 3º açude da Bacia do Salgado a sangrar neste ano. Já o Açude Rosário, em Lavras da Mangabeira, voltou a sangrar em março, após já ter vertido em janeiro. Neste mês, a comporta foi aberta, liberando mais de 1.400 litros por segundo para o Açude Castanhão, maior do Ceará. O açude também havia sangrado em 2022.
MAIORES AÇUDES
As boas recargas também têm trazido uma melhor situação aos grandes reservatórios cearenses. O Castanhão está com 22,88% de recarga, quase 10% a mais do observado em igual período de 2022 (15,49%). Já o Orós, segundo maior açude cearense, chegou a 51,15% (35,7% em 2022). O Araras, quarto maior, está com 80,62% (78,30% em 2022).
As situações mais preocupantes são do Banabuiú (terceiro maior), com 17,85%, e do Figueiredo, que soma 9,66% – ele é o quinto maior açude cearense. Ainda assim, o quadro é melhor que em 29 de março de 2022, quando apresentavam 8,23% e 6,26%, respectivamente. Há pouco mais de uma semana, em 20 de março último, o Figueiredo estava com 5,35%, o que mostra o aporte dos últimos dias.