Boletim da Fiocruz sobre Síndromes Respiratórias Agudas Graves publicado no dia 12 do mês passado aponta que incidência de covid-19 era de 37%. No mais recente, total foi para 70%
Kelly Hekally
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A recomendação do uso de máscaras de proteção à covid-19 no Ceará em ambientes fechados e abertos, nestes caso haja aglomerações, a partir desta segunda-feira, 13, se relaciona, entre outros fatores, com o percentual de 70% dos casos da doença entre os diagnósticos positivos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) no Brasil.
A informação do percentual mais atual é da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e foi publicada na última quinta-feira, 9, um dia antes da governadora Izolda Cela realizar o anúncio da mudança. Boletim da instituição publicado no dia 12 do mês passado, ou seja, cerca de um mês antes, afirmou que os casos de covid-19 correspondiam a 37% dos de SRAG nas quatro semanas automaticamente anteriores – entre abril e maio.
A análise divulgada na quinta passada faz parte da Semana Epidemiológica (SE) 22, de 29 de maio a 4 de junho. De acordo com o recente parecer da Fiocruz, em “nível nacional, observa-se cenário claro de crescimento no número de casos semanais de SRAG associados à Covid-19 em todas as faixas etárias da população adulta.”
Para as ocorrências de síndromes respiratórias na população em geral, a estimativa mostra crescimento de 39,5% na média móvel de casos semanais na comparação entre a primeira e última semana de maio deste ano. Na população adulta, a partir de 18 anos, a estimativa é de que esse crescimento tenha sido de 88,7%. Nas crianças e adolescentes, “verificou-se manutenção do sinal de estabilização em patamar elevado nas faixas de 0 a 4 e 5 a 11 anos.”
Ainda conforme o boletim, os dados laboratoriais apontam que, no grupo de zero a quatro anos, os casos seguem fundamentalmente associados ao vírus sincicial respiratório (VSR), embora também se observe a presença relevante de incidência do novo coronavírus, rinovírus e metapneumovírus. “Nas demais faixas etárias, predomina as ocorrências de Sars-CoV-2 [novo coronavírus]”, informa Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.
TOTAL DO ANO, SEGUNDO A FIOCRUZ
Segundo o boletim mais atual, durante este ano, foram notificados 155.227 casos de SRAG, sendo 75.012 (48,3%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório; 57.328 (36,9%) negativos; e ao menos 14.701 (9,5%) aguardando resultado laboratorial.
Das ocorrências com resultado positivo para vírus respiratórios, 5,2% foram por influenza A; 0,1% por influenza B; 9,1% por Vírus Sincicial Respiratório (VSR); e 82,7% pelo novo coronavírus. O quadro nacional apresenta sinal forte de crescimento nas tendências de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas).
“Como sinalizado no Boletim da SE 17, o sinal de crescimento recente está presente em faixas etárias da população adulta”, acrescenta Gomes. O estudo destaca ainda que 17 das macrorregiões de saúde encontram-se em nível pré-epidêmico; 15 em nível epidêmico; 66 em nível alto; 19 em nível muito alto; e uma em nível extremamente alto.
POSITIVIDADE NO CEARÁ
Segundo o secretário de Saúde do Ceará, Marcos Gadelha, as taxas de positividade para a doença estão crescendo semanalmente no Estado. No último dia 22, o índice estava em 3,8% – portanto, de cada 100 pessoas que faziam exame, quase quatro pessoas recebiam o resultado positivo.
No dia 29, aponta o titular, o percentual subiu para 4,4%. No último dia 5, o número foi a 10,7%. Apesar do crescimento, de acordo com o gestor, o aumento da positividade não está se refletindo no número de internações e óbitos, resultado da proteção à covid-19, por meio da vacinação contra a doença.