Meu amorzinho, olho nos seus olhos de longos cílios, para a sua boca de lábios bonitos e pouco reconheço aquele bebe tão gordinho, cheio de dobras, que era praticamente uma extensão do meu corpo. Éramos uma simbiose, uma junção, especialmente enquanto durou a amamentação, que contigo foi até os dois anos e meio.
Hoje, você comemora estar quase do meu tamanho. Come muito e mesmo assim, porque está no estirão, não tem mais gordurinhas extras em lugar nenhum do corpo. É um menino longilíneo, que sabe muito bem o que não quer. Um pouquinho teimoso demais, às vezes.
Mas é tão carinhoso comigo… Quando não tem assunto, repete até me deixar doida o quanto eu sou bonita e legal. Dorme comigo todas as noites, quer sempre o calorzinho do corpo da mamãe quando está em casa. Já me deu borboletas mortas de presente, assim como flores e sempre que encontra o gato Listrado dando bobeira, traz ele pra me ver.
Sua letra é linda, você já lê livros com mais de 50 páginas. É um tanto desatento, mas talvez sejam as heranças da nossa família. Somos todos distraídos.
Continuo achando engraçado quando você pensa em tudo e em nada com olhos sabe-se lá Deus aonde, quando se dispersa. Ainda não entendi o porquê de isso acontecer tanto enquanto você come.
Tenho pena de ter que te ensinar que o mundo não tem a sua inocência. As pessoas podem ser tão más e você sabe disso, embora tenha problemas para identificar ainda quem é legal e quem não é.
Eu sei que você sente a minha falta e eu também sinto, especialmente dos tempos das nossas aulas da tia mamãe, em que aprendemos juntos tantas novidades. Eu brincando de ser sua professora, terminei por aprender que gostava de dar aulas. E assim, você aprendeu a ler, entre outras coisas boas.
Vamos seguir cultivando o amor que temos um pelo outro. Teu sorriso me deixa contente. Hoje, você já está achando ruim que eu te mime em público. Certamente, nossos chamegos devem dar uma pausa em breve porque daqui a alguns poucos anos você deve se tornar adolescente. Vou aproveitar sua doçura enquanto eu puder. Então, me deixe chamar você assim, com muita “melosidade”, meu caçula.
Feliz aniversário.
