A gente não sabe quando vai ser a última vez que vai abraçar alguém. Nem quando será a última festa de aniversário. Será que se soubéssemos, aproveitaríamos melhor os momentos? Ou choraríamos a saudade antecipada?
Olho para as nossas fotos no seu aniversário de 2023, Zé e lembro bem do quanto eu fizu questão de estar contigo. O teu abraço apertado, teu carinho, tua gaitada… Eu não poderia perder esse momento. Eu não queria imaginar que poderia ser a última vez, mas, pela minha decisão de viver intensamente, inclusive as amizades, eu não quero mais faltar os abraços com os amigos mais queridos. E você estava nesse rol seleto.
Fecho os olhos e volto no tempo um pouco mais. Bastava você entrar na redação do jornal que logo uma rodinha se formava, todo mundo disputando seu abraço cheiroso, seu afeto. Parecia um monte de beija-flor. Tua presença era doce, engraçada.
Naquele tempo, mesmo sem te conhecer, eu me admirei com o tanto que você era querido.
Queria chegar perto para entender quem era aquela pessoa “famosa”, que todo mundo queria abraçar.
Muitos anos depois, quando a gente se aproximou por trabalhar no mesmo portal, eu entendi plenamente a razão de você atrair tanta gente. Eram as conversas sempre agradáveis, com um toque de humor e ironia. Contigo, soube mais da história de Fortaleza nos anos 1960 e de antes também, porque você estudou no finado e tradicional Colégio São João, era filho único de desembargador e neto de um português dono de um casarão na praça da Lagoinha.
Como cinéfilo e amante da literatura, era uma biblioteca ambulante. Uma fonte incessante de saber. Eu gostava de beber do teu conhecimento. Poderia ter me embriagado mais. Pena que o tempo é tão curto.
E das fofocas da high society fortalezense? Essas eram as conversas mais divertidas. As traições, as mentiras, as picuinhas, as hipocrisias… Demos tantas risadas naquele Del Paseo lembrando dos anos da discoteca e de outros bastidores.
Aí do outro lado, você estará bem acompanhado. Tem o Gilmar, o Oswald, a dona Regina, o Anderson Sandes, o professor Souto. De certa forma, pelo menos aí, não terá mais as limitações do seu corpo, que já não estava acompanhando sua energia boa. Ah, Zé!… Tu já tá fazendo tanta falta…
Espero que alguém apareça com uma biografia tua, à altura de tudo que você desbravou e viveu. Daqui desse lado, eu te mando um abraço cheio de saudades e prometo que vou viver o mais intensamente que eu puder. Ravi mandou um beijão para você, viu. Te amamos!