O candidato do União Brasil ao Governo do Ceará, Capitão Wagner, tem lugar garantido em um eventual segundo turno, apontam pesquisas de intenções de voto registradas na Justiça Eleitoral (JE). Ao OPINIÃO CE, o deputado federal licencidado aponta suas ideias de administração para áreas como saúde, segurança, educação e economia. Wagner explica prioridades no atendimento em saúde e como seria a implantação do “padrão FBI” de segurança, uma de suas principais bandeiras na corrida pelo Palácio da Abolição.
O postulante, cujo candidato a vice é Raimundo Gomes de Matos (PL), indica também preocupação com a chamada polarização política e diz que será necessário “passar uma borracha” nas divergências após o resultado das urnas.
A entrevista faz parte da série Diálogos com Candidatos, que trará entre estas segunda-feira, 26, e quarta-feira, 28, propostas dos três principais concorrentes na disputa estadual, marcada para o próximo dia 2. O bate-papo com Elmano de Freitas (PT) será veiculado amanhã (27). A programação é de que o com Roberto Cláudio (PDT) seja publicado na quarta-feira.
OPINIÃO CE – Quais os projetos do senhor para a área da saúde?
CAPITÃO WAGNER – A gente andou pelos 184 municípios, e a reclamação é uma só: de falta de acesso ao serviço de saúde. Reconhecemos que a estrutura física é extremamente importante, mas, sem um médico, equipamento, insumo para realização de um procedimento, não cura ninguém. Então, nosso foco vai ser fazer funcionar o que já existe. Fazer funcionar os hospitais regionais, as UPAs, policlínicas. É inadmissível que hoje as crianças sejam atendidas por clínico geral, em vez de um pediatra. Vamos contratar pediatras para fazer o atendimento. Queremos ter em cada Hospital Regional um setor para cuidar das nossas crianças. Um outro problema grave é o de saúde mental, que se expandiu demais pelo Ceará. O que a lei federal já determinou e não foi feito aqui no Ceará é a colocação de psicólogos e assistentes sociais na nossa rede de ensino para cuidar das mentes brilhantes que o cearense tem. Eu tenho um compromisso já declarado publicamente de convocar os aprovados na Funsaúde. Isto não significa que a gente não vai usar as cooperativas e as OSs, pois são importantes também. Pretendemos fazer concurso para médicos, enfermeiros e equipe multidisciplinar necessária. Queremos implementar 44 centros de referência para cuidar das famílias que têm crianças com autismo, copiando o modelo do centro de Maracanaú.
OPINIÃO CE – Como enxerga a segurança pública atualmente no Estado? O que pretende realizar para a área?
CAPITÃO WAGNER – Escutamos governos falando que gastam muito com segurança. Mas, se a gente for pegar os dados do Brasil, o Ceará é o segundo pior estado em investimento per capita com investimento em segurança pública. Esse investimento não é tão alto e é feito de forma equivocada. Investe-se em prédios, nas viaturas luxuosas e se esquecem de preparar o profissional.
A Paraíba é o estado com melhor índice de segurança pública do Nordeste. Eles copiaram algo que tem aqui no Ceará e a gente não usa. Contrataram uma empresa que está dentro da Secretaria de Segurança Pública para fazer monitoramento facial. Esta é uma ferramenta que não só prende os criminosos como inibe a presença deles no estado. Na hora em que se espalhar pelo Ceará que as câmeras hoje fazem a leitura facial, qual é o bandido tem uma da divisão em aberto vai procurar outro estado não vai conseguir sobreviver aqui.
Nos municípios com até 3.000 habitantes, a gente vai ter policiamento fixo para garantir a segurança do homem do campo.
Vamos trazer também o modo de fazer segurança do FBI [Polícia Federal estadunidense]. Não trazer o FBI para o Ceará. Vamos trazer a forma de fazer investigação, de distribuir o policiamento a tecnologia que eles têm lá aqui do Estado. Teremos seis centros de inteligência de anti-facção, para monitorar e inibir a atuação do crime organizado. Hoje, eles se sentem muito à vontade para expulsar os moradores das suas casas e para extorquir o comerciante. A gente vai criar força estadual de segurança. Vou pegar os melhores policiais militares, civis e penais e os melhores bombeiros. Montar essa estrutura de uma força estadual de segurança que vai dar uma resposta rápida em qualquer ação criminosa.
OPINIÃO CE – O Ceará acaba de ser destaque nacional na educação. A que atribui o feito? O que, de política pública da área, pretende conservar e o que pretende inovar?
CAPITÃO WAGNER – Ficamos muito felizes que os municípios fizeram o dever de casa, entenderam como melhor prestar uma educação básica de qualidade. O governo do Estado ajudou na questão do recurso, no repasse e nos convênios.
Pretendemos não só dar manutenção a isso como ampliar a rede estadual. Temos ferramentas que são reconhecidas como exitosas: a escola integral, que precisamos ampliar, com certeza; as escolas profissionalizantes, que são importantes, mas que precisam focar na vocação de cada região. Vamos fazer parceria com IFCE, que tem 34 campus espalhados pelo Estado, mais 122 escolas profissionalizantes. São 136 grandes centros de formação para capacitar os nossos jovens na área tecnológica. Temos quatro escolas militares e queremos ampliar para 44. Muitos pais querem matricular seus filhos em escolas militares, mas não tem vaga suficiente.
OPINIÃO CE – O saneamento básico no Estado segue como gargalo. Quais os projetos do senhor?
CAPITÃO WAGNER – Temos um marco regulatório que foi aprovado em Brasília e está sendo implementado. Mas, antes de falar nessa questão do marco regulatório, precisamos entender como é que funciona a questão da conta de água e esgoto. A água que sai lá da estação de tratamento de esgoto se perde 46% no caminho ou por furto ou por vazamento. Ora, a Cagece é uma empresa. Se ela trata 100 litros de água e só vende 54, ela vai embutir a perda no preço dessa água que tá sendo vendida, por isso a Cagece é tão cara. Vamos diminuir o preço da conta de água e de esgoto melhorando a eficiência e diminuindo as perdas.
Hoje, o Ceará é um dos estados do Nordeste que tem a menor cobertura de esgoto. Em 94 municípios, só 5% têm esgoto. Imagina uma cidade com 100 casas só cinco têm ligação de esgoto. É algo que nos assusta.
Em parceria com a Cagece e a iniciativa privada, vamos buscar financiamento para ligar o esgoto dessas residências e garantir que as pessoas tenham água tratada em casa, porque a água potável é saúde. Ainda dentro dessa questão sanitária, providenciar os aterros que foram determinados pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos e plano estadual que não foram viabilizados.
OPINIÃO CE – Como pretende realizar parcerias com as prefeituras para impulsionar o empreendedorismo local e fortalecer a microeconomia?
CAPITÃO WAGNER – Tenho dito muito que vamos conversar com 184 prefeitos, independente deles voltarem na gente ou não. Tenho que entender a vocação do município, chamar o prefeito e a Câmara de Vereadores para conversar, para que a gente possa fazer investimentos que dêem certo.
Mauriti tem uma produção de frutas muito forte. O Governo do Estado viabilizou lá o fábrica de Polpas.
Temos que ter a responsabilidade de fazer um debate sério e de aproveitar a vocação. Então, vamos conversar com os municípios, com o setor produtivo. Temos 600 km de praia e apenas geramos 100 mil empregos na área da pesca. A própria Fiec me apontou a solução: viabilizar algumas estruturas de portos de embarque e desembarque pro pescado, indústria e cidades do Estado, e estaremos fortalecendo esse setor.
OPINIÃO CE – O que um eventual governo do senhor fará para atrair grandes empresas?
CAPITÃO WAGNER – Eu me preocupo muito em trazer empresas que não venham prejudicar as empresas locais. Estive em São Paulo com uma empresa que fabrica peças de automóveis no Ceará. Aqui, não tem nenhuma que fabrique, tem que distribui. Se trazemos pra cá, não prejudicamos a economia local. Pelo contrário: a peça vai sair mais barata para a distribuidora, que vai vender mais barato e repassar esse custo menor também para o consumidor.
Conversei com um grupo de italianos que me disseram ‘Capitão, não temos nenhum problema em relação aos impostos, não precisamos de isenção fiscal. O que queremos é segurança jurídica. Por exemplo, vamos construir um resort em uma região praiana. Queremos a garantia de que vamos iniciar o empreendimento e não vai ter uma Semace embargando a obra. Não vai ter um órgão ambiental atrapalhando um investimento como esse.’ Então, é assim que a gente vai fazer uma gestão com desenvolvimento sustentável. A gente também não pode desrespeitar a questão ambiental e as legislações federal e estadual. Mas precisamos destravar muita coisa que é travada por conta de termos pessoas com pensamento equivocado em relação à economia e Meio Ambiente.
OPINIÃO CE – Qual a visão do senhor acerca do teto do ICMS realizado pelo Congresso e Governo Federal? O senhor pretende anular essa decisão do teto?
CAPITÃO WAGNER – Para provar como o discurso dos nossos opositores não era verdadeiro: se você olhar hoje, o mês de agosto no Ceará foi um dos melhores dos últimos 24 anos em termos de arrecadação de ICMS. Conseguimos baixar o preço da gasolina e mantivemos a arrecadação num patamar extremamente aceitável.
Por que isso aconteceu? Como vão consumir mais, logicamente que vão pagar os impostos, e com isso a gente vai compensar qualquer possível perda. Então, é assim que a gente imagina estimular a nossa economia. Dentro de um limite responsável, reduzir os impostos para que outras empresas se instalem e empresas que estão na ilegalidade possam se legalizar.
OPINIÃO CE – O Brasil vive uma polarização política? Se sim, quais os meios de resolver a problemática?
CAPITÃO WAGNER – Percebo e me preocupo. Tanto que a minha postura tem sido de um discurso apaziguador. Nos meus eventos de campanha, em todos, estou estimulando o nosso eleitor a respeitar os adversários e a conquistar os adversários com argumentos, não com agressão. Como é que vai conquistar um eleitor que pensa diferente de você se você agredi-lo, chamá-lo de burro, chamar para a briga? O que eu tenho dito é: olha, aborda o eleitor que tá pensando diferente da gente, conversa, mostra a nossa proposta. Estou desestimulando qualquer comportamento que possa de repente estimular uma guerra, uma briga, porque minha missão é unir o Ceará. Passada eleição, tem que passar uma borracha.
OPINIÃO CE – O senhor gostaria de fazer considerações finais?
CAPITÃO WAGNER – Agradecer ao cearense. Estou muito feliz. Até o dia 2, vou conversar muito, me apresentar na TV no rádio, dar entrevista, para fazer as pessoas conhecerem melhor o Wagner que está por trás desse dessa marca Capitão Wagner. Então, agradecer e desejar sorte para os adversários. Que seja feita a melhor escolha pelo cearense e para o Ceará.