Mecanismo, já distribuído em 21 estados do Brasil e no Distrito Federal, é destaque no 9º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria
Priscila Baima
priscila.baima@opiniaoce.com.br

Um dispositivo que mistura oxigênio e ar comprimido e permite que o paciente com Covid-19 na forma grave consiga respirar até 100% com ele no pescoço. É essa a função do Capacete Elmo, desenvolvido no Ceará, e que já salvou e ainda salva muitas vidas na pandemia do novo coronavírus.
O mecanismo, que já foi distribuído em 21 estados do Brasil e no Distrito Federal, é destaque no 9º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, o maior da América Latina, correalizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), que acontece até hoje (10) em formato híbrido.
Na ocasião, 25 cases de projetos inovadores desenvolvidos pela indústria e pelos Institutos Senai de Inovação e Tecnologia foram apresentados, entre eles, o capacete Elmo. Sendo uma alternativa de tratamento não invasivo, o equipamento tem uma série de vantagens.
O médico e superintendente da Escola de Saúde Pública (ESP) e idealizador do Elmo, Marcelo Alcântara, salienta que o Ceará foi pioneiro na tecnologia e na inovação. “É um mecanismo que veda 100% no pescoço do paciente, evitando a contaminação do ambiente com partículas virais. Além disso, protege os profissionais de saúde e outros pacientes que estejam no mesmo espaço. É muito importante para a ciência, tecnologia e inovação para o Ceará. É um verdadeiro case de inovação”, pontua.
Mais de 2.300 capacetes foram doados ao SUS no Ceará e mais de 2.100 profissionais foram capacitados em todo o Brasil pelo Centro de Simulação da ESP presencial ou virtualmente até março deste ano. Segundo Alcântara, o capacete já foi usado por milhares de pessoas em todo o Brasil.
“Foram mais de 10 mil equipamentos distribuídos no país e continuam sendo e podem atender até quatro pessoas, cada um deles. Então, estima-se que mais de 40 mil pessoas tenham utilizado ao longo do final de 2020 até a data de hoje”, revela o cientista, que lamentou que o Governo Federal não tenha feito a compra do equipamento.
O projeto é uma iniciativa conjunta entre a Universidade de Fortaleza (Unifor), Universidade Federal do Ceará (UFC), Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Ceará), e Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP) e da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).
O capacete Elmo também conta com o apoio da Esmaltec e Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).
O equipamento é comercializado diretamente pela Esmaltec, a fabricante do equipamento, e pode ser enviado para qualquer estado ou munícipio. Para solicitar orçamento ou realizar pedidos de compra, é preciso ligar para (85) 3299 8716 ou 85 9.8802 6585.
COMO SURGIU O ELMO
Realizado entre junho e outubro de 2020, o estudo teve seus resultados apresentados publicamente em novembro do mesmo ano. Foi demonstrada a factibilidade do uso do Elmo em pacientes com covid-19 moderada a grave internados em enfermaria. A boa resposta fisiológica e o conforto com o equipamento foram comprovados, com taxa de sucesso de 60%.
O Elmo é patenteado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), em nome das cinco instituições parceiras e dos autores: Marcelo Alcantara Holanda, Betina Santos Tomaz, David Guabiraba Abitbol de Menezes, Juliana Arcanjo Lino e Gabriela Carvalho Gomes. Em outubro de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a empresa Esmaltec, do Grupo Edson Queiroz, a fabricar e comercializar o Elmo em todo o País.
O governador Camilo Santana anunciou, na última terça-feira, 8, que a equipe de criação do capacete Elmo será agraciada com a Medalha da Abolição, maior honraria concedida pelo Estado do Ceará. Neste ano, a solenidade, marcada para o próximo dia 25 de março, no Palácio da Abolição, celebrará as edições de 2020, 2021 e 2022. Nos dois últimos anos, o evento não ocorreu em razão do cenário pandêmico da covid-19.
O anúncio foi realizado pelo chefe do Executivo Estadual durante live. “O Elmo foi o capacete que salvou vidas. Criado por cientistas cearenses, ajudou a salvar muitas vidas durante essa pandemia. Resultado de força-tarefa que reuniu Governo do Ceará, Federação das Indústrias, Unifor e Esmaltec, liderada pela Escola de Saúde Pública, com nosso querido professor e médico Marcelo Alcantara”, destacou o governador.
Instituída em 1963, a honraria reconhece o trabalho relevante de brasileiros para o Estado do Ceará ou para o Brasil. A escolha é feita por uma comissão que avalia o conjunto de nomes e resolve conceder, dentre esses, a medalha para aqueles que mais se destacaram.