O candidato à Presidência da República pelo PT, Lula, subiu o tom contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e citou nesta segunda-feira, 5, a denúncia de corrupção contra a família do chefe do Executivo envolvendo a compra de imóveis em dinheiro vivo. “Tem algo podre no ar”, disse o petista.
Desde os anos 1990 até os dias atuais, a família do presidente negociou 107 imóveis. Bolsonaro, duas ex-mulheres – Rogéria e Ana Cristina – e os três filhos mais velhos compraram 51 casas, apartamentos, salas comerciais e lotes de R$ 18,9 milhões, em valores corrigidos, com dinheiro vivo.
Segundo o ex-presidente, “não é com salário de deputado que alguém compra isso.” “É algo que não vem do salário. Eles têm que se explicar para a sociedade”, continuou.
“Eu não sei o que é, o que eu sei é que tem algo podre no ar e é importante que essas coisas sejam investigadas. Quem não deve não teme”, disse Lula durante encontro com representantes da Frente Nacional de Defesa do Sistema Único de Assistência Social (Suas), no Palácio do Trabalhador (SP), em São Paulo.
O tom já era esperado para a campanha, após as denúncias, ocorridas na semana passada. A estratégia é explorar cada vez mais os pontos frágeis do presidente, nas redes sociais, no horário eleitoral no rádio e na televisão, e também nos eventos públicos para evitar a possibilidade de seu crescimento.
Aliados do petista avaliam que Lula adotou uma postura passiva no primeiro debate presidencial na TV, principalmente ao ser questionado sobre corrupção em seus governos, e perdeu a chance de expor o adversário.
Estiveram presentes no evento ontem a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) acompanhado da sua esposa, Ana Estela, o candidato ao Senado Márcio França (PSB), acompanhado da esposa e candidata a vice de Haddad, Lúcia França, e o ex-deputado federal Floriano Pesaro (PSB) representando o candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
PRIMEIRAS-DAMAS
Também ontem, sem citar o nome da primeira-dama Michelle Bolsonaro, Lula criticou primeiras-damas que assumem ações de assistência social do governo, como é o caso atual. “Não é papel”, disse o petista.
“Quem vai cuidar da assistência social é alguém especialista em assistência social”, continuou durante evento com assistentes sociais em São Paulo. Ao se referir à sua esposa, a socióloga Rosângela da Silva, Lula disse que há “um milhão de coisas para ela fazer.”
“Nós temos é que valorizar os profissionais da área e colocar eles para cuidar daquilo que eles se prepararam a vida inteira. A Janja sabe, na verdade, que a gente não pode arrumar um emprego para a primeira-dama. Se ela me ajudar a fazer o governo que estou pensando em fazer já fez mais pelo País do que ocupando um cargo que deve ser de um especialista”, disse.
O ex-presidente também mencionou a ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza Campello ao reforçar o foco das políticas sociais em um eventual governo. “Tereza Campello se prepare, porque vai ter trabalho para caramba nesse País.” Durante o discurso, Lula lembrou de sua prisão e disse não estar preocupado ao citar as trajetórias de Nelson Mandela, Mahatma Gandhi e Martin Luther King.
Ao falar dos líderes, que chegaram a ser presos e voltaram à cena política como figuras históricas, Lula afirmou: “Eu estou convencido de que aqui no Brasil vai acontecer a mesma coisa.” (Com Agências)