Voltar ao topo

14 de janeiro de 2025

“Camilismo” sairá fortalecido ao fim da janela partidária na ALCE

Compartilhar:

Partido dos Trabalhadores filia hoje novos quadros do partido. Entre eles estão deputados já ligados ao governador Camilo Santana

Rodrigo Rodrigues
rodrigo.rodrigues@opiniaoce.com.br

Foto: Natinho Rodrigues

O Partido dos Trabalhadores (PT) no Ceará filia, nesta semana, novos quadros para compor a base governista nas eleições de outubro próximo e na atual legislatura.

Em evento realizado nesta segunda-feira, 28, na Assembleia Legislativa do Ceará (ALCE), a sigla oficializa as filiações dos deputados líder do Governo na Casa, Júlio César Filho, que estava no Cidadania; e Nizo Costa, ex-PSB. Na quinta-feira, 31, será a vez da vice-líder do Governo na AL, deputada Augusta Brito, até então no PCdoB.

Na avaliação de especialistas ouvidos pelo OPINIÃO CE, a base do PT na Casa fica ainda mais “camilista”, ou seja, ligada diretamente ao governador Camilo Santana (PT). “Claro que fortalece o PT e a base aliada, mas os três são muito ligados ao governador Camilo Santana, fortalecendo também um partido mais ‘camilista’. Entre eles está o deputado Júlio César, o líder do Camilo, que já mantém um diálogo constante com o governador. Não são nomes ligados à Luizianne [Lins], por exemplo”, explica o cientista político Cleyton Monte.

A análise é compartilhada pelo professor de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Emanuel Freitas. “O PT do Ceará sempre teve uma ala muito pragmática. Tínhamos antes o PT do C [Cid Gomes] e foi transformado no PT do Camilo. Em nível nacional, tem-se a ideia de que o Lula é maior do que o próprio PT e no Ceará há o movimento de fazer o mesmo com o Camilo.”

O senador Cid Gomes (PDT) é a principal liderança política pedetista no Ceará e um dos principais responsáveis pela manutenção da parceria entre PT e PDT no Estado. Mesmo sendo filiado ao PDT, Cid é visto como importante liderança no bloco governista como um todo.

“O Camilo deixa o recado claro que o PT pode aumentar a bancada na ALCE, mas com seus candidatos. A própria ALCE no geral não é ‘anti-camilista’. O menos próximo do PT, que é o deputado Elmano, não faz críticas abertas. O governador conseguiu montar uma bancada forte, talvez até maior que a feita por Cid”, finaliza Emanuel Freitas. Outras lideranças regionais também devem se filiar hoje ao PT para disputa das eleições de outubro.

BANCADA
Apesar de nomes ligados fortemente ao governador, o deputado estadual Acrísio Sena (PT) destaca que os novos ingressos são consenso dentro da sigla. “Creio que a decisão foi construída com muito consenso dentro do partido, com todas as correntes e as bancadas federal e estadual. É um fortalecimento do partido, praticamente dobrando a bancada”, destaca.

“Estamos em um ano em que o Partido dos Trabalhadores tem uma grande responsabilidade através da candidatura do ex-presidente Lula”, destaca o presidente municipal do PT Fortaleza, vereador Guilherme Sampaio. “À medida que parlamentares tomam a decisão de vir para o PT, apoiar nossa tática no Estado, o partido se fortalece”.

Com a incorporação dos três deputados estaduais já com mandatos, o Partido dos Trabalhadores se garante como a segunda maior bancada – 7 parlamentares – já na atual legislatura, atrás apenas do PDT, com 14 nomes. Para Cleyton Monte, isso fortalece a parceria entre os dois partidos.

“Dá uma tranquilidade maior ao governo Izolda Cela [do PDT], que assumirá o comando em abril com a saída de Camilo Santana, que tentará vaga no Senado Federal] e é uma resposta ao Capitão Wagner”. Principal figura da oposição, Wagner ficou com o controle do União Brasil no Ceará.

O ‘superpatido’ tem o maior tempo de televisão e o maior fundo eleitoral do País, atraindo oposicionistas. “Quando o PT filia deputados já com mandatos, que já são destaques em suas áreas e regiões, isso dá mais peso”.

Por outro lado, o União Brasil conquistou nomes também já incorporados à AL. Já na atual legislatura, o partido inicia com Fernanda Pessoa (ex-PSDB); Soldado Noelio e Tony Brito, ambos filiados anteriormente ao Pros; além de Heitor Férrer, que estava no Solidariedade. Além deles, o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, figura com três quadros: Dra.Silvana, Delegado Cavalcante e André Fernandes.

Apesar disso, os especialistas não acreditam em tantos embates no âmbito da AL. “O Legislativo, por mais que se tente, fica um pouco mais esvaziado neste período. Atualmente, no dia a dia das sessões ordinárias a gente já observa menos gente. Basicamente, todos já estão em campanha e não irão se preocupar tanto em fazer manobras para derrubar propostas”, explica Cleyton Monte.

Para Emanuel Freitas, o debate deve ser mais acalorado nas discussões envolvendo as eleições para governador. “A última visita de Bolsonaro ao Ceará deixou claro que o candidato dele é o Capitão Wagner. Então, há um direcionamento de um discurso único que vem extremamente fortalecido. Se Camilo é o franco-favorito na disputa ao Senado, o cenário não é o mesmo para o Governo do Estado”, frisa.

[ Mais notícias ]