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15 de outubro de 2024

Brasil sofreu pelo menos quatro outros grandes apagões nos últimos 10 anos

Henrique Grangeiro, em entrevista ao OPINIÃO CE. Segundo a análise do engenheiro, tudo depende do tamanho do problema e a dimensão que ele toma
Foto: MME/Divulgação

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O Ceará e demais estados do Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte tiveram relatos de moradores que ficaram sem energia elétrica durante a manhã desta terça-feira, 15. O problema aconteceu em mais de 20 estados, além do Distrito Federal. Os apagões em território nacional não são um fenômeno novo e ocorreram, pelo menos, quatro vezes nos últimos 10 anos. É o que avalia e relembra o engenheiro elétrico, Henrique Grangeiro, em entrevista ao OPINIÃO CE. Segundo a análise do engenheiro, tudo depende do tamanho do problema e a dimensão que ele toma.

“No Brasil, já houve intercorrências de apagões no ano de 2001 devido à escassez de energia com racionamento. Em 2009, os estados do Sudeste e alguns do Nordeste passaram por problemas também. Já em 2011 e 2013, houve problemas de transmissão com o envio de energia na época, principalmente nas regiões Nordeste e Norte”, revela. Ainda na avaliação do engenheiro, as principais causas advém da complexidade do sistema elétrico brasileiro, com uma matriz continental difícil de ser controlada.

“Nosso sistema elétrico é bem complexo, pois possui uma matriz energética cada vez mais diversificada e continental o que traz várias possibilidades para o problema. Observando apenas o comportamento de alguns equipamentos, foi possível perceber o indício de afundamento de carga (estabilidade da frequência elétrica ficou diferente), porém a causa do problema deve ser esclarecida pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), órgão privado que acompanha o funcionamento do sistema elétrico como um todo”, explica.

CEARÁ

A Enel, empresa responsável pela distribuição de energia em São Paulo e região metropolitana, Rio de Janeiro (66 municipios) e Ceará, informou, por meio de nota, que na manhã de terça, parte dos clientes da sua área de concessão tiveram o fornecimento de energia interrompido devido a um corte de carga realizado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em diversos estados do país.

De acordo com a liberação do ONS, a energia foi restabelecida de forma gradual, sendo totalmente normalizada às 8h48 no Rio de Janeiro; em São Paulo às 9h20; e no Ceará, às 12h14.

“Esse procedimento de corte de cargas – conhecido como Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC) – acontece de forma automática quando alguma ocorrência é identificada no Sistema Interligado Nacional (SIN) e ocorre para proteger o sistema elétrico de danos maiores”, informou a companhia.

Moradores de Fortaleza relataram que por volta das 9h30 a energia foi restabelecida nos bairros São João do Tauape, Alto da Balança, Aerolândia, Dionísio Torres, Rodolfo Teófilo, entre outros. A falta de energia causou transtornos também no trânsito de Fortaleza, com semáforos apagados, conforme apurou o OPINIÃO CE.

A queda de energia no Ceará afetou cidades da Região Metropolitana, como Eusébio, Itaitinga, Aquiraz, além do interior do Estado, como Sobral, Juazeiro do Norte e Crato. Em nota enviada por e-mail ao OPINIÃO CE, o Ministério de Minas e Energia (MME), em atualização à situação de atendimento elétrico brasileiro, informou que a retomada das cargas afetadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste aconteceu até 12h30 de terça.

“Todas as capitais do Nordeste também tiveram o suprimento de energia normalizado. Até às 12h30, estão recompostos 41% da carga da região Norte e 85% da região Nordeste. O Ministro Alexandre Silveira já determinou a criação de uma sala de situação e liderou todo processo de retomada, bem como determinou a rigorosa apuração das causas do incidente”, conclui a nota.

A solução para esse mês apagões é a médio e longo prazos. Para o engenheiro Henrique, é fundamental investir em pesquisa e desenvolvimento para mitigar os efeitos de tantas quedas de energia em território nacional. “Investimentos P&D (pesquisa e desenvolvimento) em linhas de transmissão e no uso de mais equipamentos modernos de proteção podem, de uma forma ou outra, minimizar ou até mesmo evitar este tipo de problema. Porém o investimento não é apenas público. Basta lembrar que as empresas de distribuição, geração e transmissão de energia são privadas. A Eletrobrás hoje é! Portanto, a agenda é de todos”, conclui.

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