
A sucinta e retoricamente paupérrima manifestação do presidente Jair Bolsonaro (PL) na última terça-feira (1º), reconhecendo a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano, não revela só incapacidade de articular argumentos. A fala indica, acima de tudo e de todos, uma tentativa extrema de, buscando assumir a liderança da direita radical, se proteger das consequências cabíveis ao fim do mandato.
O sucessor já o advertiu até que derrubará os sigilos de 100 anos sobre documentos, agendas e medidas imposto por Bolsonaro como forma de sonegar ao público informações sensíveis – como, por exemplo, reuniões com pastores acusados de cobrar propinas em ouro no Ministério da Educação.
A equação diante de Jair Bolsonaro é até simples: se mantiver em torno dele um séquito e uma legião de amparadores capazes de, por exemplo, gerar caos nas estradas, pode preservar a blindagem que (ainda hoje) tem.
Coisa ruim
A articulação com arruaceiros que se dizem caminhoneiros, que pôs em risco a segurança e a saúde das pessoas, o abastecimento de alimentos e outros direitos básicos, serve como ameaça às instituições. Como uma sombra permanente sobre o necessário e indispensável ambiente democrático.
DE RESTO
E ainda há de se contabilizar o estrago que a ambição eleitoral de Bolsonaro causou às contas públicas. A Comissão de Transição tem tido pesadelos com os riscos do que pode vir em 2023.
FOICE
Jair Bolsonaro entra para a história não apenas como o presidente em cuja gestão, por falta de vacinas e por abundância de fake news, morreram mais de 690 mil pessoas vítimas da covid-19. Entra também como o único a não se reeleger após a instituição da renovação de mandato. FHC, Lula e Dilma ganharam segunda chance. Temer, golpista, nem tentou. Jair já foi.
Tudo junto
Passou na Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia Legislativa proposta de Emenda Constitucional que unifica fundos de financiamento de programas, projetos e ações para âmbito da Política da pessoas com deficiência no Estado. A PEC é de autoria do Poder Executivo.
… E misturado
A perspectiva é de que as mudanças facilitem aspectos sociais da gestão de Elmano de Freitas (PT). Não somente na desburocratização, mas na agilidade de implementação de medidas. Detalhe: a PEC propõe a eliminação de termos como “portadores de deficiência” e “excepcionalidade física e sensorial” que, nas normas legais do Estado, podem suscitar preconceito.