O presidente Jair Bolsonaro (PL), que participa nesta segunda-feira, 22, de sabatina no Jornal Nacional, nos estúdios da Rede Globo, sinalizou neste fim de semana, pela primeira vez, que aceitará o resultado das eleições de outubro se for derrotado.
“A gente tá nessa empreitada buscando a reeleição, se esse for teu entendimento. Caso contrário, a gente respeita, mas a nossa democracia e a nossa liberdade acima de tudo”, disse Bolsonaro na via Dutra, em vídeo divulgado em suas redes sociais. O presidente participou de uma motociata em seu apoio, no sábado (20), ocasião em que a declaração foi dada.
Na última terça-feira, 16, Bolsonaro esteve na solenidade de posse de Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski como presidente e vice-presidente, respectivamente, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na cerimônia, Moraes fez um discurso de cerca de meia-hora de defesa da democracia e do sistema eleitoral, que vem sendo atacado reiteradamente, nos últimos dias menos, pelo presidente da República e por ministros de sua ala ideológica.
Na manhã deste domingo, 21, um dia depois do ex-presidente Lula (PT) ter criticado a utilização de igrejas como palanque político – durante comício no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, um dos redutos do petista – Bolsonaro participou de uma missa na Paróquia Nossa Senhora da Esperança, em Brasília.
Não havia compromissos de campanha previstos nas agendas de ambos. Católico, o ex-parlamentar tem participado com maior frequência de cultos evangélicos ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
O discurso da “luta do bem contra o mal” é uma das retóricas de Bolsonaro e Michelle. Há duas semanas, os dois participaram de culto na Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, quando a primeira-dama chegou a dizer que, antes do atual governo, o Planalto estava “consagrado a demônios.”
“Tem demônio sendo chamado de Deus e tem gente honesta sendo chamada de demônio. Tem gente que não está tratando igreja para tratar da fé ou da espiritualidade, está fazendo da igreja um palanque político ou uma empresa para ganhar dinheiro”, disse Lula no sábado.
Para tentar frear o avanço de Bolsonaro sobre o público evangélico, a campanha petista decidiu criar contas nas redes sociais direcionadas a esse segmento que corresponde a 30% do eleitorado. Os perfis oficiais batizados como “Evangélicos com Lula” foram apresentados ao TSE.
O QUE DIZ O ÚLTIMO DATAFOLHA
Pesquisa Datafolha registrada na Justiça Eleitoral (JE) com o número BR-09404/2022 e divulgada na última quinta-feira, 18, mostra que há prevalência de intenções de votos de Bolsonaro entre evangélicos. Conforme o levantamento, o primeiro soma 49% da preferência no segmento, ante 32% de menções ao segundo.
A vantagem do presidente ampliou de 10 para 17 pontos desde a última pesquisa. Entre os católicos, Lula é apontado como o favorito, ainda conforme a pesquisa: 52% dos eleitores que se identificam como católicos dizem votar no ex-presidente, ao passo em que 27% indicam opção por Bolsonaro.
Ainda segundo o instituto, 50% dos eleitores brasileiros se declaram católicos. A pesquisa mostra, em termos gerais, o ex-presidente com 47% das intenções de voto na disputa pelo Palácio do Planalto e o atual, 32%. Unindo os votos válidos, Lula tem 51%.
O candidato do PDT, Ciro Gomes, aparece em terceiro lugar, com 7%, seguido por Simone Tebet (MDB), com 2%. Entre os ouvidos, 6% disseram que irão votar branco ou nulo no dia 2 de outubro. Esse é a primeiro levantamento do instituto realizado após o início da campanha eleitoral, que começou oficialmente na terça. No próximo dia 26, tem início as propagandas eleitorais de Rádio e TV.