Não é dado aos soldados o direito de se acovardar. Muito menos diante de um campo de batalha. Bons soldados vão à luta, mesmo reconhecendo a força dos oponentes. Mesmo correndo risco de vida. Não se teme o sacrifício nem se escolhe entre tempo bom ou ruim. A propósito disso, as redes sociais estão coalhadas de frases postadas por bolsonaristas que tratam de bravura militar.
Uma muito frequente é essa: “Nos bastidores da guerra, os covardes se escondem durante e depois da batalha”. Pois bem: o presidente Jair Bolsonaro, que diz ter a têmpera da caserna, tem escapulido solenemente de batalhas. Deixou de expor ideias e propostas – e de ouvir avaliações – em evento da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na semana passada, e já anunciou que não participará de debates públicos.
Também tem se insurgido contra as urnas, campo da mais importante de todas as batalhas do período.
É por aí
O Hino Nacional Brasileiro tem uma passagem emocionante: “Mas se ergues da justiça a clava forte/ Verás que um filho teu não foge à luta/Nem teme, quem
te adora, a própria morte/Terra adorada.” Não é para qualquer um, admitamos.
Escaramuça
O deputado licenciado Wagner Sousa (UB), que já não dormia serenamente sabendo das articulações adversárias com prefeitos e candidatos, precisa agora se preocupar com as próprias trincheiras. A guinada do presidente nacional do partido dele em direção à campanha do ex-presidente Lula (PT) acendeu sinal de alerta entre seus batalhões.
Não estão errados
Wagner e tutores da campanha temem um motim. Uma fuga em massa. Estão certos. Sem uma corrente política forte, os aliados podem se sentir tentados a seguir Luciano Bivar – ou seja, a trocar um terreno duvidoso por outro mais plano e seguro. O fato é que muitos – incluindo o próprio Wagner Sousa – não querem ter a imagem associada a Jair Bolsonaro.
E vai
E André Janones (Avante) deve anunciar nesta semana se sai do páreo e apoia Lula ou se fica servindo de moldura para os demais. Não tem mais do que 1% das intenções de voto, mas esse tantinho só pode fazer enorme diferença.
E o lado de lá
Líderes partidários no Senado têm reunião marcada para hoje, voltando do recesso parlamentar. Circula na Casa a certeza de que, independentemente do período eleitoral, as pautas prioritárias precisam ser debatidas, analisadas e votadas. Já combinaram com o Planalto?