O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção no Distrito Federal após ataques de bolsonaristas ao Congresso Nacional, Planalto e Supremo Tribunal Federal. Lula afirmou, ainda, que os responsáveis serão identificados e devidamente punidos. A informação foi divulgada em coletiva na tarde deste domingo, 8, em Araraquara, São Paulo. Lula viajou com Janja para visitar o município após fortes chuvas na região.
“É preciso que essa gente seja punida de forma exemplar. Que ninguém nunca mais ouse, com a bandeira nacional nas costas, ou com a camiseta da seleção brasileira para se fingir de nacionalista, fazer o que eles fizeram hoje. Isso nunca tinha acontecido, nem no auge da chamada luta armada, nos anos 70, houve qualquer tentativa de qualquer grupo fazer quebra-quebra na Praça dos Três Poderes, no Palácio do Planalto, no Palácio da Justiça e na Câmara dos Deputados.”
A intervenção foi decretada exatamente uma semana após a posse do presidente. Conforme o decreto, a medida vai vigorar até 31 de janeiro. Com a intervenção, os órgãos de segurança pública do Distrito Federal ficam sob responsabilidade do secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Garcia Cappelli, com subordinação ao presidente Lula. De acordo com o petista, o interventor vai exercer controle de todos os órgãos distritais de segurança do GDF e poderá requisitar recursos financeiros, estruturais, humanos e tecnológicos do Governo do Distrito Federal.
Também poderão ser requisitados quaisquer órgãos, civis e militares, do governo federal.
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Confira coletiva de Lula:
Invasão
A Polícia Militar do Distrito Federal começou a retirar bolsonaristas radicais que invadiram os Três Poderes em Brasília no fim da tarde. Foram retirados os invasores da rampa do Palácio do Planalto. A Polícia Militar também informou que todo o efetivo foi acionado, inclusive a cavalaria. De acordo com o órgão, só não está se apresentando quem está sob restrição médica.
Bolsonaristas radicais conseguiram invadir, pela tarde, o Palácio do Planalto. Imagens mostram os extremistas quebrando o vidro do Palácio, entrando pelo Salão Nobre e subindo a rampa para o terceiro andar, onde fica o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O térreo do Planalto também teria sido destruído pelos extremistas. Em imagens que circulam na internet é possível ver os extremistas ocupando a rampa e soltando fogos. Eles conseguiram romper a barreira formada por policiais militares.
Os manifestantes também já invadiram o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que as forças de segurança estão agindo e que o governo do Distrito Federal prometeu reforços. As informações são do Estadão. “Essa absurda tentativa de impor a vontade pela força não vai prevalecer”, garantiu Dino, que disse que está no Ministério da Justiça neste momento.
Mais cedo, o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, disse que determinou ao setor de operações da pasta “providências imediatas” para restabelecer a ordem em Brasília. “Determinei ao setor de operações da SSPDF, providências imediatas para o restabelecimento da ordem no centro de Brasília”, informou, pelo Twitter.
Torres, que era ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), descreveu como “lamentáveis” as cenas na Esplanada. Em dezembro, no dia da diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a atuação de Torres à frente do ministério foi criticada diante dos atos bolsonaristas, que depredaram a cidade e colocaram fogo em carros e ônibus sem serem punidos. Segundo apurou o Estadão, no sábado, 7, já haviam chegado 100 ônibus com 3.900 manifestantes bolsonaristas a Brasília.
O Ministério da Gestão e Inovação informou que fará um levantamento dos danos causados ao patrimônio público para “buscar” ressarcimento junto aos responsáveis. Em nota, a pasta disse que os prédios públicos são patrimônio de toda a população e que atos criminosos de depredação atingem toda a sociedade.
Pacheco e Lira
O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, disse repudiar “veementemente esses atos antidemocráticos”, que, segundo ele, deverão “sofrer o rigor da lei com urgência”. A Polícia Legislativa também está no local, na tentativa de conter a invasão, segundo a Agência Brasil. “Conversei há pouco, por telefone, com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, com quem venho mantendo contato permanente“, disse Pacheco.
“O governador me informou que está concentrando os esforços de todo o aparato policial no sentido de controlar a situação“, finalizou o presidente do Congresso.
O presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, também publicou em suas redes sociais que o Congresso “nunca dará espaço para a baderna, a destruição e vandalismo.” Na postagem, Lira diz que os responsáveis que “romoveram e acorbetaram esse ataque à democracia brasileira e aos seus principais símbolos devem ser identificados e punidos na forma da lei”. “A democracia pressupõe alternância de poder, divergências de pontos de vista, mas não admite as cenas deprimentes que o Brasil é supreendido nesse momento. Agiremos com rigor para preservar a liberdade, a democracia e o respeito à Constituição”, escreveu Lira.