Foi uma bola pelo alto proveniente de um escanteio que deu a vitória ao Internacional na quarta-feira passada, no jogo contra o Fortaleza. A bola pererecou dentro da área tricolor. Empurra daqui, empurra dali, sobrou para um colorado e terminou dentro das redes.
Bola alta na área é um perigo. E quando acontece vindo de bola parada tem todo um ritual. Locutores despertam os torcedores: “Os zagueiros vão para a área! São bons na bola pelo alto!”. Nesse momento de expectativa ampliado pelo locutor começa a confusão. O batedor ajeita a bola. E tome bola pelo alto. Aliás, antes da bola ser lançada assistimos um festival de “gentilezas” proporcionada pelos atacantes e defensores que, enquanto aguardam o cruzamento dentro da área penal, ficam se agarrando e empurrando, cada um procurando uma melhor posição para o cabeceio.
O árbitro tenta botar alguma ordem na casa, sinalizando com palavras e gestos manuais aos possíveis infratores que, além dele, o VAR também está de olho. O efeito é mínimo e o agarra-agarra continua.
Enfim a falta é batida. A bola descreve uma parábola e desce na área penal. Os jogadores que participam do lance saltam de braços abertos para ganhar equilíbrio, se proteger, ocupar espaço e atrapalhar o adversário na tentativa de se defender ou fazer o gol. Nesse momento, sobram mãos e cotovelos para todos os lados. O futebol é um jogo de contato físico, mas a predominância da preparação física sobre a técnica estimula a marcação e o resultado é que as contusões no rosto e cabeça se multiplicaram.
E pensar que, no tempo em que éramos os melhores do mundo, o falecido técnico Gentil Cardoso orientava seus jogadores com um aforismo: “A bola é feita de couro. O couro vem da vaca. A vaca gosta da grama. A bola gosta de rolar na grama”. Simples assim. O zagueiro Britez, do Fortaleza, alegou que foi empurrado e a imagem confirma que ele foi pressionado por trás. O Fortaleza, além de ter tomado o gol e ser prejudicado com a derrota, ainda perdeu seu zagueiro, que tomou um cartão vermelho. Bola alta na área de time do Nordeste é um perigo maior ainda.