A cidade de Beberibe, localizada no Litoral Leste do Ceará, está com 45% do seu litoral com risco de erosão ambiental. As informações foram divulgadas pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) em parceria com a Secretaria da Infraestrutura (Seinfra). Dos 20 municípios de todo litoral cearense, mais 17 também estão com o mesmo risco. Na prática, a dinâmica das ondas do mar invadem a praia gerando transtornos para a população e estabelecimentos que ficam localizados à beira-mar.
Segundo a pesquisa, a primeira etapa levantou todos os pontos a serem questionados sobre a erosão. Num segundo momento, os pesquisadores devem ouvir a população que será diretamente afetada. No levantamento, as cidades litorâneas com maior percentual de erosão consolidada ficam no Litoral Leste, sendo puxados por Beberibe (45%), Cascavel (34%) e Aracati (30%).
Em entrevista ao OPINIÃO CE, o coordenador do Programa Cientista Chefe Erosão Costeira: Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas, Luiz Parente, salientou que os principais números dessa pesquisa é que praticamente de “95% dos municípios do litoral do estado do Ceará” apresenta erosão.
As soluções para mitigar o problema da erosão, na realidade, são muito complexas, conforme o pesquisador. Existem duas linhas mundiais de defesa de proteção costeira. A hard e soft.
“As soluções hard são as que utilizam as rochas, então, é o espigão e o quebra-mar. Aqui no Ceará, nós usamos praticamente todas essas estruturas. Nós temos em Icapuí, em Flecheiras, em Acaraú. As pessoas gostam bastante, não tem ninguém triste não. Diante da presença do fenômeno que destrói a barraca, destrói todo o ganho, você acaba preferindo uma solução definitiva”, explica o pesquisador.
Luiz acrescenta: “Na praia do Iguape, por exemplo, nunca foi feito nenhuma proteção costeira. Foram destruídas as casas, as barracas. Os visitantes que iam para a praia deixaram de ir acabando a economia do local”. Apenas duas cidades aparecem sem nenhum tipo de erosão, até o momento: Cruz e Paraipaba, localizadas no Litoral Oeste. Jijoca de Jericoacoara, por sua vez, tem apenas 3% de risco – mesmo percentual de Fortaleza.
Em agosto de 2023, outro estudo, realizado pela Comissão Europeia, publicado na revista científica Nature, revela que mais precisamente a Praia de Morro Branco, em Beberibe, está entre as mais ameaçadas pela erosão. O estudo analisou as praias mais bem avaliadas de cada país no Tripadvisor, um site especializado em viagens.
A faixa de areia da Praia de Morro Branco poderá encolher 224,6 metros até o ano de 2100, colocando-a como a 14ª mais ameaçada, segundo o estudo. No topo da lista está a praia de Landmark, em Lagos, Nigéria, com previsão de perder mais de 900 metros de sua extensão nesse mesmo período, seguida pela Mackenzie Beach, no Chipre, com uma projeção de erosão de 660 metros.
O estudo aponta que o litoral brasileiro é o mais vulnerável de toda a América do Sul. Praias como os Carneiros e Porto de Galinhas, em Pernambuco, estão entre as mais ameaçadas do continente, com risco de perderem 166,4 e 146,1 metros de seu litoral, respectivamente.
ICAPUÍ
Para conter o avanço da maré, o prefeito de Icapuí, Lacerda Filho (PSD), a exemplo, anunciou no último dia 17 a implantação de um espigão na Praia da Peroba. Pelas redes sociais, o prefeito pontuou que a medida deve diminuir os danos causados no processo de erosão e agradeceu ao ministro da Educação, Camilo Santana (PT), pela liberação de recursos para o projeto. Também em janeiro, circulou nas redes sociais um vídeo que mostrava moradores denunciando o avanço do mar em Icapuí.
Segundo Lacerda, além de causar problemas ambientais, o avanço da maré enseja em danos sociais para a população. “Nós estamos aqui para tratar de um assunto muito sério que é o avanço da maré e que traz vários problemas. Causa problemas com o enfrentamento de salinização dos lençóis freáticos, é um problema social muito grande”, afirma.
Para a construção do espigão, serão investidos cerca de R$ 11 milhões. Ao todo, o Governo Federal repassou R$ 7 milhões para a obra. O projeto do espigão na Praia da Peroba é um protótipo e deve ser instalado em outras praias da região. Ainda, de acordo com o prefeito, o Município deve receber, do Governo Federal, R$ 22 milhões para instalar um espigão na praia de Barreiras.
CAUCAIA
Em Caucaia, os barraqueiros da Avenida Litorânea do Icaraí já se reuniram com o prefeito Vitor Valim a fim de conhecerem os detalhes do Projeto de Revitalização da Avenida Litorânea, implementado pela gestão municipal. A iniciativa beneficiará também os barraqueiros, uma vez que será construído uma área com todas a estrutura necessária para receber turistas com mais conforto e qualidade e para a instalação de barracas padronizadas. Além disso, os três primeiros espigões já entregues pela gestão também passarão por urbanização. As informações são do site oficial da Prefeitura de Caucaia.
Além da padronização das barracas, o projeto prevê também a urbanização dos três Espigões do Icaraí. A expectativa da gestão de Caucaia é que as obras do local sejam finalizadas em maio deste ano.