O ex-prefeito de Fortaleza e atual presidente do Diretório municipal do PDT na capital cearense, Roberto Cláudio, afirmou que é normal o prefeito José Sarto (PDT) ter em sua base vereadores que apoiaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na última sexta-feira (12), durante evento de posse do ex-senador Flávio Torres como presidente interino do PDT Ceará, o ministro da Previdência Social e uma das grandes lideranças pedetistas nacionalmente, Carlos Lupi, afirmou que dialogar com o bolsonarismo seria “trair a causa do partido”. No último mês de dezembro, a Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) votou a favor de conceder título de cidadão fortalezense ao ex-chefe do Executivo. A votação favorável contou com os votos de três pedetistas.
Na CMFor, o prefeito Sarto tem uma base que vai do PDT ao PL. Conforme RC, é comum que em todos os governos exista uma base de apoio “diversa”. “Todos os governos, de todos os partidos, isso inclui o meu governo, inclui o governo do Sarto, do Elmano, do Lula, todos buscam o caminho natural da governabilidade, que é o caminho de você ter a maioria no parlamento, para você poder construir a sua pauta de governo”, disse.
“Isso faz parte. Por exemplo, boa parte dos ministros do Lula votaram publicamente no Bolsonaro. (…) Esse é o modelo democrático de construção de maiorias que o Brasil tem hoje nos parlamentos para poder buscar o caminho da governabilidade”, completou.
Ainda segundo o ex-prefeito da Capital, no entanto, Sarto é “muito fiel” às bandeiras defendidas pelo PDT. “Fortaleza é hoje a capital com a maior cobertura de educação em tempo integral. Eu comecei a primeira escola de tempo integral, não havia nenhuma em Fortaleza. Hoje, com o Sarto, e boa parte desse avanço foi com ele, a cidade tem a maior cobertura de tempo integral. Quem começou a debater tempo integral no Brasil foi o Darcy [Ribeiro] e o [Leonel] Brizola”.
O presidente do PDT Fortaleza destacou, ainda, a pauta da empregabilidade. “Fortaleza tem hoje a maior geradora de emprego dentre as capitais do Norte e Nordeste. As pautas do PDT Nacional estão incorporadas enquanto prática de governo, não pauta de discurso no governo do Sarto. Mas é natural que as bases de governo, como eu disse, tenham diferenças de opinião nacionais e nos âmbitos locais ou estaduais possam ter convergências”.
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“O PARTIDO É A CAUSA QUE ELE REPRESENTA”
O ministro Carlos Lupi, no entanto, afirmou que quer ter uma relação boa com “todos os partidos”, com exceção daqueles que apoiam o ex-presidente Bolsonaro. “Quero ter uma boa relação com governadores e com todos os prefeitos. Isso é mais do que natural em uma nação democrática e civilizada. Mas se me virem ao lado do Bolsonaro, pode ter certeza que um dos dois está morto. Ou eu, que é o mais provável porque eu não ando com segurança, ou ele”, frisou.
Ainda conforme o ministro, o partido “não são as pessoas que integram ele”, mas sim “a causa que ele representa”. “Nosso partido é o dos caçados de 1964 e o que marcou história pela luta democrática”. Já por mais de uma vez, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que o golpe de 1964, que instituiu a ditadura militar no Brasil, “não foi um golpe”.
“Não dá para ficar ao lado de quem maltrata, incrimina, tem raiva, tem ódio e matou por conivência milhares de brasileiros com a pandemia pela sua ignorância. Não dá. Passa do limite. De resto, a conversa, o diálogo e a compreensão é com todo mundo”, afirmou Lupi, sobre o bolsonarismo.
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