Mesmo com tentativas de acalmar os ânimos e discutir o futuro do PDT internamente, deputados estaduais da sigla seguem acalorando as discussões publicamente. Em discurso na tribuna nesta terça-feira, 20, o deputado Osmar Baquit, uma das vozes mais vibrantes do PDT na Assembleia Legislativa e que vem corroborando com o nome do senador Cid Gomes (PDT) para a liderança do partido no Estado, defendeu uma “reconstrução” da sigla para encontrar novos caminhos já pensando nas próximas eleições. Segundo ele, isso é necessário para ampliar a representação da sigla nas câmaras municipais, prefeituras e vice-prefeituras.

Baquit criticou o atual presidente, deputado federal André Figueiredo (PDT), que vem subindo o tom com críticas mais diretas ao governo Elmano (PT). “Deputado André é brilhante, foi ministro, mas passou o tempo de achar que não se deve abrir espaço. Por que uma pessoa, com quatro cargos, não pode ceder um para a maior liderança do partido?”, indagou Osmar, em fala na tribuna. Figueiredo é o atual presidente estadual e nacional da sigla (nacionalmente, ocupa a vacância deixada por Carlos Lupi, que assumiu um ministério no governo Lula), e líder do partido e da minoria na Câmara dos Deputados.

Recentemente, em entrevista ao OPINIÃO CE, o pedetista disse que “não haverá disputa” pela presidência da sigla, sem, no entanto, esclarecer se isso significaria sua renúncia. “Não vai ter disputa. Isso significa que vamos dialogar, com paz, com tranquilidade. Hoje, se criam muito mais crises do que efetivamente existem. Por enquanto, estou trabalhando na liderança do partido”, disse, na ocasião.

Hoje, a sigla está dividida, na Casa, em dois blocos: o de apoio ao ex-prefeito Roberto Cláudio, que faz oposição a Elmano de Freitas no Governo; e o bloco encabeçado por Cid Gomes, que defende uma nova aliança com o PT. O presidente da Assembleia, deputado Evandro Leitão (PDT), também apoia publicamente o nome de Cid na liderança do partido e uma nova aliança com o PT.

DIVERGÊNCIAS

O deputado Antônio Henrique (PDT), um dos principais nomes ligados a Roberto Cláudio (PDT) e ao prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), também reconheceu a liderança de Cid, mas afirmou se sentir confortável em ser liderado por André Figueiredo. “O senador Cid contribui muito, mas não acredito que para ele ajudar o partido, ele precise assumir a presidência”, pontuou. O deputado Cláudio Pinho (PDT), em aparte, defendeu diálogo e discussões internas no partido para decidir o futuro e as ações da sigla. “O que falta, no meu ver, é diálogo. Se não querem fazer esse diálogo, que liberem, para que cada um possa tomar seu rumo”, afirmou.

Já deputado Guilherme Landim (PDT) afirmou que o debate na tribuna só serve para dar pauta para a imprensa. Para ele, é preciso reconhecer a contribuição de Figueiredo no partido, mas corroborou que Cid Gomes é uma importante liderança, que pode unir o partido.

DEBANDADA

Ainda na tribuna, Baquit defendeu que demais partidos estão se mobilizando para o próximo pleito e o PDT precisa deixar as discussões e discordâncias de lado para fazer o mesmo. Para ele, Cid é a principal liderança que pode auxiliar nessa união. “Estamos há um ano para as convenções partidárias. Articulações precisam ser feitas. O Cid tem legitimidade e o poder de nos unir. Se o Cid estiver na mesa, as coisas funcionam, pois é a nossa grande liderança”, avaliou o deputado.

Na avaliação de Osmar Baquit, Cid Gomes está se esforçando para “reconstruir” o partido, mas se, em algum momento “não o quiserem”, o mesmo deve sair do PDT. Osmar Baquit observou que, se isso acontecesse, iria “sair quase todo mundo”. O senador, no entanto, já reforçou não ter intenção de deixar a sigla.