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24 de abril de 2025

Baixa adesão à vacina contra poliomielite acende alerta para a doença

De acordo com dados da SMS, até a última quarta, foram vacinadas contra a poliomielite 29.023 crianças entre um e quatro anos em Fortaleza

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Ian Magalhães
ESPECIAL PARA OPINIÃO CE
ian.magalhaes@opiniaoce.com.br

Na terça-feira, 6, o Ministério da Saúde prorrogou o prazo da campanha de vacinação contra a Poliomielite iniciada no dia 8 de agosto deste ano. A ação, que tinha como data-limite esta sexta-feira, 9, foi adiada até o próximo dia 30 por conta da baixa adesão da população.

Até a dia do anúncio da prorrogação, o ministério estimava que apenas 35% das crianças na faixa etária de um a cinco anos foram vacinadas durante a campanha atual em todo Brasil. O objetivo da ação é a cobertura vacinal igual ou maior que 95% nesse público.

A baixa cobertura contra a doença nos últimos anos preocupa especialistas, que alertam para uma reintegração do vírus no Brasil.

“A poliomielite é considerada erradicada no Brasil desde a década de 1990. No mundo, ela não é considerada ainda erradicada por conter casos em alguns locais, como no Paquistão. Por isso, os riscos de ter um caso no Brasil são muito altos, pois, para proteger o país da pólio, você precisa ter 95% das crianças vacinadas, e nós não estamos conseguindo alcançar esse número” , afirma a epidemiologista Ligia Kerr.

Também professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ligia ressalta a influência da pandemia na cobertura vacinal contra a poliomielite. “Os índices da cobertura já vinham baixando, tiveram uma queda com a covid e não subiram mesmo após as comunidades voltarem à normalidade. Os movimentos antivacina tiveram um impacto muito grande não só na vacinação contra a covid, mas também no combate à poliomielite.”

A especialista aponta, ainda, que a vacinação das crianças, “é um alerta aos pais que levem seus filhos para se vacinarem. A pólio é uma doença grave e com grandes riscos de retornar ao Brasil.”

O QUE DIZEM ESTUDOS
Pesquisas também apontam para o risco da reintrodução do vírus no Brasil. Durante a XXIV Jornada Nacional de Imunizações (SBIm 2022), que acontece até este sábado, em São Paulo, a infectologista Luiza Helena Falleiros Arlant citou uma avaliação de risco feita pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que indica o Brasil como segundo país com mais chances de retorno da Poliomielite, atrás apenas do Haiti.

Seguindo a orientação do Ministério da Saúde, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) prorrogou o prazo da Campanha de Vacinação contra a Poliomielite até o dia 30.

De acordo com dados da pasta, até a última quarta-feira, 7, foram vacinadas contra a poliomielite 29.023 crianças na faixa etária de um a quatro anos em Fortaleza. Nas idades entre cinco e 14 anos, 43.158 receberam a vacina que previne a doença. Os dados divulgados pela secretaria não especificam as taxas de adesão à vacinação na capital cearense.

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