Em resposta aos ataques golpistas realizados no último domingo, 8, em Brasília, movimentos sindicais e populares convocaram, nesta segunda-feira, 9, atos em defesa da democracia em todo o Brasil. Em Fortaleza, a mobilização aconteceu em dois atos. Em um primeiro momento (este organizado pelas Frente Povo sem Medo e Frente Brasil Popular), manifestantes estiveram na Avenida da Universidade, por volta das 17h, e seguiram em marcha rumo à Praça 13 de Maio. Já à noite, manifestantes reuniram-se no cruzamento da avenida Antônio Sales com a avenida Rui Barbosa em um “bandeiraço pela democracia”.
No cortejo que saiu da Avenida da Universidade, também estavam presentes o ex-senador Inácio Arruda (PCdoB), o deputado estadual Renato Roseno (PSOL) e a deputada diplomada Larissa Gaspar (PT). Na mobilização, manifestantes entoavam os gritos de “sem anistia” e pediam responsabilização dos envolvidos nos ataques terroristas. Participaram movimentos sociais, centrais sindicais e partidos, entre eles o PT, PSOL, PCdoB e PCO.
“Depois de todos aqueles atos de terror, houve uma reação das instituições e também uma reação popular, e nós estamos aqui nesse momento. Está acontecendo em todo o Brasil, em todo o país, em todos os estados”, destacou Inácio Arruda. De acordo com representante da Frente Povo sem Medo, o ato reuniu mais de 5 mil pessoas. “Essa é a mobilização popular em defesa da democracia que o Brasil inteiro está fazendo em resposta aos atos golpistas, fascistas, que ontem depredaram a sede dos três Poderes lá em Brasília. Nós não vamos tolerar nenhuma forma de violência, golpista, fascista, antidemocrática, nós temos que cobrar nas ruas e nas instituições a responsabilização criminal de todos aqueles que cometeram esses atos”, reiterou Renato Roseno, que defendeu “mobilização permanente.”
Um fato em especial chamou atenção durante a marcha na Capital, militares do 23º Batalhão de Caçadores, na Avenida Treze de Maio, assistiram o cortejo posicionados na entrada da sede. No momento, manifestantes entoaram “não vai ter golpe, vai ter luta” e “povo na rua, ditadura nunca mais.”
CONTRA BOLSONARO
Falas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pedidos de prisão dele e mensagens em defesa da democracia e do processo eleitoral pautaram os movimentos. Para Carlos Douglas, estudante de História da Uece, a mobilização tem importância simbólica no momento histórico pelo qual passa o país.
“Eu acho que ontem a gente reviveu, basicamente, a tensão de 1964 [início do Regime Militar]. Eu acho que é muito perigoso quando a gente normaliza esse tipo esse tipo de atitude da extrema-direita”, afirmou. “É importante a gente se posicionar enquanto cidadão de qualquer instância, de direita ou esquerda, para falar que a democracia é muito mais legítima do que isso”, concluiu.
Nesse sentido, vale destacar a participação de torcidas organizadas que estiveram na mobilização que aconteceu em São Paulo. Torcedores dos principais times paulistas, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, participaram do protesto em frente ao Masp. Os manifestantes começaram a chegar ao local por volta das 17h e gritavam “sem anistia e sem perdão, queremos Bolsonaro na prisão”.
Para a professora Irenizia Oliveira, vice-presidente da ADUFC, o movimento “é fundamental para reafirmar a importância da democracia e mostrar que o povo brasileiro em sua grande maioria é a favor do regime democrático e não concorda com esses atos de vandalismo, de tentativa de golpe.”
“Nós estamos enfrentando grupos terroristas, fascistas, grupos que tem uma liderança do ex-presidente [Jair Bolsonaro], pelos muitos chamados que ele fez contra as instituições. Então, hoje, é muito importante que a sociedade civil, principalmente nós que somos da educação, estejamos nas ruas pra reafirmar a democracia”, acrescentou a docente do curso de Letras.
Também corrobora com a ideia a diretora do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Sâmbara Francelino. “Nós acreditamos que os trabalhadores e as trabalhadoras do nosso país têm que defender esse estado democrático de direito que é uma conquista histórica da classe trabalhadora”, conta.
Ainda sobre as cenas de vandalismo assistidas em Brasília, a professora alerta: “são raízes profundas, raízes de um conservadorismo que expressa também a lógica fascista de uma forma de pensar e de atuar, e que existe no nosso país e que deve ser veementemente combatida.”
No Ceará, além de Fortaleza, também aconteceu ato em Juazeiro do Norte, na Praça da Prefeitura Municipal.