Cadeiras arremessadas e bandeiras queimadas, assim terminou a assembleia geral promovida pelo Sindicato dos Servidores Públicos das Secretarias de Educação dos Municípios do Ceará (Apeoc), nesta quinta-feira (4), no Ginásio Aécio de Borba, em Fortaleza. Segundo os relatos, a confusão tomou conta da reunião devido à discordância entre a categoria e a direção do sindicato. Os docentes favoráveis à continuidade da greve se mostraram insatisfeitos com os dirigentes da Apeoc e afirmaram que a entidade não deliberou o movimento grevista através de votação.
O tumulto começou após dirigentes da Apeoc não acatarem a pedido que estabelecia o movimento grevista. Os docentes exigiam uma resposta democrática do sindicato, por meio de uma “votação”, para deliberar sobre a greve. Após o anúncio, segundo relatos, seguranças confrontaram os professores de forma abrupta, iniciando o confronto. Em imagens compartilhadas nas redes sociais, é possível observar uma professora sendo agredida por um segurança da Apeoc em meio ao tumulto.
Identificada como Rebeca Veloso, a docente apresentou escoriações no rosto e registrou um Boletim de Ocorrência (BO) contra o agressor. O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Renato Roseno (Psol), e a vereadora Anna Karina (Psol) acompanharam Rebeca até a delegacia do 34º distrito, no Centro de Fortaleza, onde foi realizada a ocorrência.
“Uma professora lutando pelos seus direitos e apanhando de um homem contratado por quem deveria defender os professores. Com qual intuito tantos seguranças agressores em uma assembleia de professores?”, disse a vereadora Anna Karina em uma publicação nas redes sociais.
Após o confronto, o presidente da Apeoc, Anizio Melo, saiu do ginásio sob gritos dos professores presentes e escoltado para que não fosse atingido por objetos que estavam sendo arremessados. Em nota, a entidade classificou o ato como “criminoso” e protagonizado por uma “minoria truculenta composta por arruaceiros covardes e antidemocráticos”. Em vídeos compartilhados na internet, é possível ver o momento em que bandeiras da Apeoc são queimadas pelo grupo.
O presidente da Apeoc responsabilizou “extremistas” de direita e de esquerda pelo “vandalismo” e “ataque violento”.
“As cenas lamentáveis e inadmissíveis de selvageria, que circulam nas redes sociais envergonham a nobre profissão que exercemos e maculam a imagem da categoria dos profissionais do magistério perante a sociedade. Nossa categoria não deve ser confundida com o banditismo, pois ela é majoritariamente formada por cidadãos exemplares”, informou a Apeoc, em nota.
NOTA DA APEOC
“Vimos a público nos manifestarmos acerca dos atos criminosos praticados por uma minoria truculenta composta por arruaceiros covardes e antidemocráticos, que, por meio da violência explícita, colocaram a vida de diversas pessoas em risco na Assembleia Geral da categoria, no dia de hoje (4).
A Assembleia foi deliberadamente interditada e implodida pela referida horda quando a Presidência da entidade tentava encontrar uma proposta de medição para dar continuidade à nossa luta de forma ampla e unificada.
As ameaças e truculências que ocorreram antes e durante a Assembleia, bem como o ódio manifestado no cerceamento das falas, foram práticas que culminaram com o ataque à vida e à democracia.
Nos momentos finais da Assembleia, os criminosos arremessaram diversas cadeiras e jogaram vários objetos contra as cabeças dos membros de nossa direção e demais pessoas, que estavam de costas se dirigindo à saída do Ginásio Aécio de Borba.
As cenas lamentáveis e inadmissíveis de selvageria, que circulam nas redes sociais envergonham a nobre profissão que exercemos e maculam a imagem da categoria dos profissionais do magistério perante a sociedade.
Nossa categoria não deve ser confundida com o banditismo, pois ela é majoritariamente formada por cidadãos exemplares, que exercem suas funções com excelência e fazem com que nosso estado seja destaque nacional nos índices educacionais.
Cabe destacar que a presença de sujeitos que não pertencem à categoria no local da Assembleia demonstra claramente o objetivo de um setor oportunista, que, para a construção de palanques de oposição sindical e eleitorais, não medem esforços para implodir a realização de nossas Assembleias, fato este que não é inédito.
A direção do Sindicato APEOC deixa bastante claro que a luta continua e que está mantido o estado de greve. Vamos realizar a nossa Assembleia Geral em todo o estado do Ceará, garantindo a legitimidade e a legalidade de todas as nossas ações e decisões.
Temos certeza que os maiores avanços de valorização dos profissionais da educação em rede estadual do Brasil devem continuar. Deixamos muito claro que não seremos palanque para oposição nem colchão para a situação.
Por fim, nos solidarizamos com todas as vítimas das absurdas e covardes agressões e afirmamos que tomaremos todas as medidas judiciais cabíveis para responsabilizar cada um dos agressores.
A luta continua. Fascistas não calarão a nossa voz!”