Estamos no 22º ano do século XXI. Nas últimas duas décadas, houve uma revolução tecnológica que mudou as relações das pessoas com o fluxo das informações. Com o futebol não foi diferente. O YouTube, por exemplo, que existe desde 2005, abriga vários criadores de conteúdo que geram notícia e/ou entretenimento relacionados ao futebol. Já os blogs são mais antigos, e surgiram entre o fim da década de 1990 e começo dos anos 2000.
Mas por que estou ressaltando essas datas? Simples. Até este 2 de abril de 2022, depois de tudo isso que citei acima, o Ceará Sporting Club ainda não permite que a chamada “mídia alternativa” possa participar das entrevistas coletivas do clube.
Esse cenário foi escancarado na última semana quando o jornalista Mário Kempes, da TV Ceará e do Blog do Kempes, foi “aconselhado” pela assessoria de comunicação do Alvinegro Cearense a não mais se identificar antes de qualquer pergunta nas entrevistas coletivas como representante do blog que leva seu nome. Indignado, o colega de profissão fez uma nota oficial na qual desabafou.
“A minha primeira reação foi a de achar que era uma brincadeira. Afinal, quem poderia se sentir incomodado com algo tão banal para um clube tão grande? Qual prejuízo para um clube conhecido como ‘Time do Povo’ recomendar que um jornalista não identificasse o outro meio em que ele trabalha?”, questionou o jornalista.
Entrei em contato com a assessoria do Ceará, que muito gentilmente respondeu ao meu questionamento sobre os critérios para veículos participarem ou não de entrevistas coletivas da equipe. O gerente de comunicação, Israel Simonton, disse que “blogs segmentados destinados à torcida ainda não (têm permissão para participar de coletivas).
O clube ainda estuda como e quando vai começar a receber mídia alternativa em Porangabuçu”, pontuou. A maioria dos times da Série A já permitem que essa cobertura aconteça. O Fortaleza, principal rival do Vovô, também já permite a entrada desse tipo de mídia.
É difícil saber de quem partiu essa decisão ou quem é o responsável pela morosidade de o Ceará se abrir a uma realidade tão atual e irreversível. O fato é que nesse quesito o Ceará escolhe estar atrás de seus concorrentes, perdendo espaços para mostrar seus anunciantes, sua marca própria e ainda correndo risco de ser deselegante e constranger pessoas sérias apenas por uma dificuldade inexplicável de se atualizar.