Pela primeira vez, instituto realiza teste para Censo com proporção nacional. Estudo deveria ter ocorrido em 2020 e acontece este ano após STF decidir que Governo Federal tinha por obrigação realizar a pesquisa
David Mota
Especial para OPINIÃO CE
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Atrasado em dois anos, o Censo Demográfico está marcado para ter o seu início de coleta de dados a partir de agosto deste ano de 2022, no dia 1º. Com a último pesquisa do tipo realizada em 2010, a expectativa era de que o Censo desta década fosse realizado no ano de 2020, adiado para 2021, devido à pandemia.
O levantamento, contudo, foi novamente adiado por falta de recursos, segundo defesa do Governo Federal. Em decisão, o Supremo Tribunal Federal (STF), contudo, entendeu que Palácio do Planalto estaria obrigado a tomar as medidas necessárias para realizar o estudo este ano.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), que se diz preparado para o retorno do levantamento, divulgou nesta quinta-feira, 17, os resultados do Teste Nacional do Censo Demográfico, realizado entre os meses de novembro de 2021 e fevereiro de 2022, em uma localidade de cada um dos 26 estados e do Distrito Federal, onde foram avaliados equipamentos, abordagem mista de coleta em contextos regionais, captura das coordenadas de GPS, processo de capacitação pessoal, questionários e sistema de coletas.
Foi a primeira vez que o IBGE realizou um teste para o Censo com proporção nacional, para descobrir a necessidade de melhorias nos métodos e técnicas que serão implantados na operação, os resultados divulgados são em caráter experimental. O teste também marcou o início da estratégia de mobilização da sociedade para responder ao Censo, que pretende visitar os mais de 70 milhões de domicílios que existem no Brasil.
No Ceará, o teste foi realizado no distrito de Ema, que é pertencente ao município de Pindoretama. Foram recenseadas 2.933 pessoas, onde 50,4% da população é composta por homens e 49,6% por mulheres. A localidade foi uma das oito avaliadas onde havia mais homens que mulheres.
OBJETIVOS DO ESTUDO
O Censo Demográfico tem como objetivo quantificar os habitantes do território nacional, identificar as características dos mesmos e revelar como vivem, gerando informações providenciais para a definição de políticas públicas e para a tomada de decisões de investimentos de recursos do governo ou de iniciativa privada.
O índice é a única fonte de referência sobre a qualidade de vida da população em seus municípios, distritos, bairros e localidades, urbanas ou rurais, cujas realidades dependem do resultado da pesquisa para serem conhecidas e terem a atualização dos seus dados. Nas 27 localidades escolhidas para o teste, 111.184 pessoas foram recenseadas.
Desse número, 57.514 são mulheres, o que corresponde a 51,7%, enquanto 53.670 são homens, totalizando 48,3%. A população de idosos, que são as pessoas com 60 anos ou mais, foi de 18.575 pessoas, um total de 16,7%. Foram realizadas 38.371 entrevistas, divididas em 98,1% presencial, 1,3% pela internet e 0,6% por telefone.
A operação foi considerada um sucesso pelo instituto, já que apenas 2,8% do total de domicílios visitados não foram realizadas as entrevistas com os moradores, seja por dificuldade de encontrá-los ou por recusas. Em todas as localidades foram aplicados o questionário básico e o da amostra, que contém 26 e 77 perguntas, respectivamente.
“Realmente, o teste cumpriu seus principais objetivos, que foram mobilizar as equipes do IBGE nas unidades estaduais e testar os equipamentos e sistemas do Censo. Também verificamos a modalidade mista de coleta e os protocolos sanitários contra a covid-19. Além disso, buscamos disseminar informações sobre a operação e sensibilizar a sociedade para que responda o Censo”, afirmou Luciano Duarte, responsável pelo projeto técnico do Censo.
Já o presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto valorizou e agradeceu a todos que ajudaram o instituto nessa coleta. “Selecionamos localidades visando a aperfeiçoar os processos de coleta, levando em conta as diferentes características regionais do nosso País. Essa operação preparatória só foi possível graças ao engajamento do IBGE e de uma grande rede de parceiros, que envolveu governos locais, entidades públicas, privadas e da sociedade civil, em torno de uma só causa: realizar o censo brasileiro. E, claro, dos moradores que abriram as portas para o IBGE.”