Após dois adiamentos, o Campo de Concentração do Patu, no município de Senador Pompeu, foi oficialmente tombado na tarde desta segunda-feira, 8, na Biblioteca Pública do Ceará, em Fortaleza. Neste ano, o espaço, que compõe uma parte importante da história do Ceará e já era considerado patrimônio histórico-cultural em nível municipal, completa 90 anos de existência. A informação foi confirmada pelo vice-presidente da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Ceará, deputado Acrísio Sena (PT).
Previsto, inicialmente, para ocorrer em julho e, posteriormente, no último dia 26, o tombamento precisou ser adiado em duas ocasiões. A aprovação nesta segunda-feira se deu de forma unânime no Conselho Estadual de Preservação de Patrimônio Cultural do Ceará (Coepa).
Como adiantado pelo OPINIÃO CE, o tombamento em tempo recorde se deve à parceria entre o Governo do Estado, IFCE, gestão de Senador Pompeu e Assembleia Legislativa do Ceará. “Além da lei de nossa autoria que transformou a Caminhada da Seca em patrimônio imaterial do Ceará, articulamos o tombamento estadual do Campo de Concentração do Patu, uma conquista histórica do povo de Senador Pompeu e de todo o Ceará”, destaca Acrísio.

Importância histórica
Em julho, os deputados estaduais também aprovaram projeto de lei que reconhece a relevância histórica e cultural da Vila dos Ingleses, conhecida como Sítio Histórico do Campo de Concentração do Patu. Em junho do último ano, o sítio arquitetônico já foi considerado patrimônio histórico-cultural em nível municipal. O autor do projeto, deputado Queiroz Filho (PDT), explicou que, dos campos de concentração que foram erguidos no Estado, o de Senador Pompeu é o único que ainda possui edificações.
“Atualmente consiste em um canteiro de obras com 12 casarões, 160 casas de taipa e três casas de pólvora. Calcula-se que morreram cerca de 12 mil pessoas, mais da metade dos concentrados, tanto que foi criada a ‘Caminhada da Seca’, que reúne anualmente, desde 1982, mais de cinco mil pessoas”, frisou.
Segundo Queiroz, o reconhecimento reafirma a existência dos campos de concentração de retirantes no Ceará durante o período da grande seca de 1932. “A ausência de resquício físicos de tais campos em Fortaleza tende a relegar ao esquecimento esse difícil capitulo da nossa história. Temos exemplos que geraram duas comunidades, do Pirambu e do Alagadiço, e a favela dos Trilhos, que se desenvolveram de maneira desigual em relação a outras áreas da capital”, afirma.
Participaram da solenidade de tombamento a restauradora da Coordenadoria de Patrimônio Cultural e Memória (COPAM), Jéssica Ohara; o secretário da cultura do Ceará, Fabiano Piúba; a coordenadora do Patrimônio Cultural e Memória da Secult, Cristina Holanda; o escritor e estudioso do campos de concentração, Valdecy Alves; o vice-prefeito de Senador Pompeu, Galba Carneiro; e a diretora do departamento de cultura de Senador Pompeu, Agna Ruth, junto com uma comitiva do município.