O Ceará manteve-se sem seca relativa, de acordo com os dados do mapa mais recente do Monitor de Secas. A ferramenta de acompanhamento regular e periódico da seca mostra que é o 4º mês seguido com o Estado nessa condição. Conforme o pesquisador da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Francisco Vasconcelos Júnior, o cenário se dá, principalmente, pelas chuvas em meses do primeiro semestre, principalmente durante a quadra chuvosa (fevereiro a maio).
“O destaque vai para os meses de março e abril, os quais apresentaram chuvas com vários dias com grandes acumulados e alta regularidade, principalmente na região do Sertão Central e Inhamus, onde alguns reservatórios estavam secos ou com capacidade abaixo de 10% de capacidade total”, explica o pesquisador.
Vasconcelos Júnior salienta ainda que no primeiro semestre de 2023 foi observado o maior aporte hídrico nos reservatórios monitorados do Estado nos últimos 12 anos, com um volume aportado de 7.18 hm³. O último tinha sido o ano de 2011, com 7.84 hm³.
SITUAÇÃO ATUAL
Faltando poucos dias para completar dois meses do fim da quadra chuvosa, o Ceará ainda registra 10 açudes com a capacidade máxima e um aporte total de 49,2%, o que demonstra os bons números das chuvas deste ano. Em igual período do ano passado, o Estado possuía 17 açudes vertendo, mas uma recarga total de 38,8% – quase 10% a menos. Neste ano, a Bacia do Litoral, por exemplo, acumula mais de 90% de recarga nos 10 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Apesar do quadro positivo em 2023, a recomendação é para manter a economia de água. O Ceará ainda tem 34 açudes com capacidade abaixo dos 30% do seu volume total. Além disso, o segundo semestre no Estado é caracterizado pela escassez de chuvas.
EL NIÑO NO CEARÁ
Em balanço da quadra chuvosa deste ano, realizado em junho, as autoridades cearenses demonstraram preocupação com o fenômeno do El Niño no Estado. O evento foi conduzido por gestores do Sistema Hídrico do Ceará. Segundo Eduardo Sávio, presidente da Funceme, caso o El Niño se consolide, haverá uma “subsidência de ar”, ou seja, um fluxo de ar de cima para baixo, o que impediria a formação de nuvens, já que o vapor quente úmido não conseguiria se elevar e, consequentemente, formar as nuvens para a precipitação.
“Por isso que a gente tem que manter o monitoramento, e que a alocação leve isso em consideração para usar essa informação nas decisões e liberações ao atendimento de demandas que são previstas pelo sistema de reservatórios do Estado”, explicou.