A passagem de Ciro Gomes (PDT) por Fortaleza gerou uma série de acusações, críticas e declarações polêmicas. Durante agente de campanha com Roberto Cláudio (PDT) e Domingos Filho (PSD), além do senador Tasso Jereissati (PSDB), o ex-governador do Ceará fez críticas contundentes ao antigo aliado, Camilo Santana (PT), usando palavras como “traição” e “lambança política”. Em palanque na noite deste domingo, 21, durante inauguração do comitê de campanha do PDT, Ciro defendeu o nome de Érika Amorim (PSD), que disputará uma vaga ao Senado com Camilo.
“Ao votarem no Roberto [Cláudio] deem oportunidade a si mesmos trazendo para o âmbito do Senado Federal essa mulher valorosa, deputada já treinada, mulher que fala pelas mulheres, mas [que também] fala pelos famintos, pelos doentes, pelos humilhados, pelos humildes, que tem uma longa história de trabalho”, declarou o pedetista, que disputa uma vaga à Presidência nas eleições deste ano. Érika foi anunciada como candidata pelo bloco no sábado, 20, após imbróglio envolvendo a candidatura do empresário Amarílio Macêdo (PSDB).
“Prestem atenção nela. Não deixem que a lambança política dê mais poder a quem já tem todo o poder e está abusando dele. Érika Amorim é nossa senadora para quem eu peço apoio decidido”, disparou Ciro.
Ciro Gomes no Ceará
No evento, Ciro voltou a falar do antigo aliado, Camilo Santana, ao ser questionado sobre o rompimento da aliança de 16 anos entre PDT e PT. “Esse projeto aqui é um projeto coletivo, é um projeto que gosto de lembrar, porque é uma homenagem que eu gosto de fazer, foi iniciado por Tasso Jereissati, e está aqui. Sabe quem está noutro caminho? É verdade ou não é verdade que o Camilo é produto desse grupo, desse movimento, dessa tropa, desse projeto para o Brasil? Isso é verdade”, falou o ex-ministro.
O pedetista também foi questionado sobre a postura que seus irmãos, Cid e Ivo Gomes, adotaram nestas eleições. Cid se mantém longe dos holofotes, enquanto Ivo tomou posicionamentos que vão de encontro às falas de Ciro. “Eu peço que você compreenda, não tenho a menor vontade de comentar esse tipo de assunto. Me faz mal. Dói no meu coração”, respondeu.
Histórico
Em eleições anteriores, Ciro obteve a preferência do eleitor cearense. Em 2018, quando Bolsonaro foi eleito, o pedetista tirou 40,95% dos votos no primeiro turno. Haddad ficou com 33,12% e Bolsonaro, 21,74%. Quando foi candidato à Presidência pela primeira vez, em 1998, o pedetista também foi o mais votado no Estado, com 27,55% dos votos contra 26,43% de Lula. Em 2002, a situação se repetiu. Ciro atingiu 44,53% da preferência do eleitorado local, enquanto o ex-presidente Lula teve 39,39% dos votos.
Neste ano, havia a expectativa de PDT e PT dividerem palanque para Ciro e Lula, respectivamente, assim como aconteceu nas eleições de 2018. Camilo Santana saiu com boa avaliação do governo e lidera a preferência do eleitorado na disputa ao Senado. Com o rompimento da aliança entre PT e PDT, após escolha pedetista por Roberto Cláudio em detrimento da governadora Izolda Cela (sem partido), as duas siglas seguiram caminhos distintos também em nível estadual.