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21 de maio de 2025

Anistia ou crise institucional?

Bem perto dos prédios dos três poderes, que foram alvos dos vândalos e baderneiros do dia 8 de janeiro, os caminhantes clamaram por anistia
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Depois do Rio de Janeiro (Copacabana) e de São Paulo (Avenida Paulista), foi a vez de Brasília ser palco dos bolsonaristas. Eles fizeram o que chamaram de uma caminhada na capital federal.

Ali, bem perto dos prédios dos três poderes, que foram alvos dos vândalos e baderneiros do dia 8 de janeiro, os caminhantes clamaram por anistia.

A caminhada pacífica pela anistia teve a presença dos nomes ilustres do bolsonarismo: Malafaia, Magno Malta, Michelle, deputados, senadores e o próprio ex-presidente inelegível e réu que recebeu alta hospitalar há poucos dias. Eles se dizem pacíficos e ordeiros em suas manifestações, apontando sempre que a esquerda é que quebra e que destrói o patrimônio, mas então o 8/01 é completamente diferente do habitual. Não teve nada de paz nem de ordem naquela depredação histórica.

Magno Malta em seu discurso chamou o Supremo Tribunal Federal de “o consórcio dos malvados”.

Disse que os senhores ministros “fazem parte da cooperativa da maldade”. Aplicar a lei, condenar quem cometeu crimes, isso é feito por malvados? Se atinge os calos da extrema-direita, aí começa o eterno mimimi. E ele fez uma espécie de profecia: dia 1º de janeiro de 2027, o ex-presidente inelegível e réu, vai assumir a presidência da república. Mas como, se ele está inelegível e virou réu no STF? Certamente ele não vai passar por cima da lei. Será o candidato da direita nas eleições de 2026?

Michelle discursou, como sempre, falando em Deus. Lembrou da cabeleireira do batom, Débora, que foi condenada a 14 anos, por envolvimentos nos atos e por ter pichado a estátua da justiça. “Perdeu, mané”.

Todos os que tiveram vez e voz e discursaram no evento, defenderam ferozmente a anistia como política exclusiva do Congresso. Mas será que pode haver anistia para grupos que tentam acabar com a ordem constitucional, atentam contra a democracia e o Estado de direito?

Uma vez aprovada a anistia no Congresso, certamente o STF analisaria a sua constitucionalidade. Possivelmente, uma crise entre os poderes legislativo e judiciário desestruturaria a estabilidade em vigor.

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