Na noite de terça, dia 5, pela TV de uma loja de conveniência, acompanhei por um momento a contagem de votos da eleição nos Estados Unidos. País que mais investe em armas, possui o maior poder bélico e maior economia do mundo e realiza, mas sua eleição presidencial ainda é realizada em papel impresso. Na fila do caixa, um senhor argumentou: “Esse negócio de voto impresso antecipado e colocado nos correios não ia dar certo nunca no Brasil. No Rio de Janeiro, seria uma grande piada. Os milicianos iriam adorar”.
A reação de um jovem foi imediata: “O Bolsonaro queria implantar isso aqui!”. Calado entrei, calado fiquei. Nas últimas semanas, acompanhei a campanha presidencial mais observada do planeta e, pelo que li e assisti, parece que o povo norte-americano está sofrendo uma crise de identidade cultural. Com o elevado custo de vida, a grande maioria da população sofre e não consegue realizar aquele tão falado e propagado antigo American Dream (sonho americano), ethos nacional de ideias de liberdade, prosperidade, sucesso e riqueza – famílias grandes e felizes possuindo bens materiais caros, como uma casa própria, um Station Wacom (carro tipo perua) para passear com a prole, um cachorro e muito dinheiro no banco. Hoje, na terra do Tio Sam, muita gente não acredita no tal “sonho americano”, pois, simplesmente, não acreditam mais que seja verdadeiro. Em um programa de TV, um repórter acompanhou os primeiros passos de um jovem menor idade e refugiado em solo norte-americano em busca da realização do sonho. Após dois anos, o repórter viajou à América Central para entender os motivos daquele jovem ter sido apartado do seio familiar. Lá, deparou-se com uma pobre família sobrevivendo do dinheiro enviado pelo arrimo desgarrado. Diante da jovem esposa do refugiado com o filho no braço, o repórter perguntou: “O que você espera do futuro?”. “Como assim?”, respondeu-lhe. É isso mesmo. Ela não enxergava o futuro e tão pouco o tal do “sonho americano”.
Pois é, os imigrantes ilegais realizam, principalmente, os serviços braçais mais pesados, ganham pouco, pagam elevados impostos, moram mal e não são considerados cidadãos. Conclusão: Os refugiados e imigrantes na busca pela sobrevivência se submetem a tudo. E por falar em futuro, animai-vos, republicanos, conservadores, turma da extrema-direita, banqueiros, investidores da indústria bélica, bolsonaristas e israelenses, pois o Donald está de volta e, com ele, o aumento das tarifas de importação e a valorização do dólar. Desanimai-vos, palestinos, ucranianos, ONU, acordos de paz, refugiados e imigrantes, G20, latino-americanos, pequenos investidores, classe média e pobres habitantes da Terra Brasilis. Os valores cristãos são apenas detalhes. Será que o Donald não vai questionar as eleições?