O mês de janeiro é marcado pela volta às aulas do ano letivo para os estudantes. Para os alunos do 3º ano do Ensino Médio, no entanto, esse retorno tem um significado maior que para os demais, por se tratar do último ano escolar e o mais decisivo da sua jornada rumo, talvez, ao Ensino Superior. Ao final de 2023, milhares de estudantes brasileiros irão participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a prova decisiva para ingressarem nas universidades federais do país.
Sofia de Paula, de 17 anos, diz que espera ter um ano calmo para poder lidar melhor com a pressão e espera estudar mais que nos últimos anos. “A minha expectativa é que seja um ano calmo, apesar dessa loucura toda e da pressão que nós sofremos um pouco por estar no último ano. Eu sou uma pessoa que não lida muito bem com pressão, então eu tento ao máximo ficar tranquila, apesar de parecer assustador”, revela a aluna da rede pública estadual de ensino.
A adolescente afirma que seu principal desafio para o exame será lembrar as matérias que têm dificuldade. “Acho que [o maior desafio é] lembrar de muitas matérias que eu fui incapaz de saber de verdade do que se tratavam. E também a pressão de fazer uma boa prova, passar, estudar muito dia e noite. É cansativo você escutar, imagina fazer, e é o que eu infelizmente vou enfrentar esse ano”, destaca. Sofia ainda tem dúvidas sobre qual curso pretende buscar, mas diz estar dividida entre psicologia e design gráfico. “Eu pensei em Psicologia porque é um trabalho interessante, você trabalha muito o lado da mente e o emocional humano. Já Design Gráfico é por eu ser do mundo das artes, facilmente diria que minha profissão seria pintar quadros ou fazer pulseiras para vender na praia, juro, eu sou mais do lado artístico”.
Também de 17 anos, Pedro Pimentel diz que está nervoso para o ano decisivo e que pretende estudar mais e de uma forma mais eficiente. Sobre o principal desafio para a preparação do Enem, o jovem foi sucinto: quer corrigir o problema de procrastinação. Acerca do futuro, o estudante da rede particular revela: “Acho que medicina, porque sempre gostei de ajudar os outros e meu pai sempre me disse coisas boas sobre a medicina.”
docentes
O professor de História, Marcelo Holanda, afirma que é um grande desafio para jovens de 17 e 18 anos, com tão pouca experiência de vida, terem de decidir o caminho que vão trilhar pelo resto da sua vida, ou pelo menos por boa parte da vida profissional. “Portanto, é necessário uma maturidade para levar o 3º ano a sério, os estudos. Conseguir distribuir o seu dia a dia e as outras coisas que se faz ao longo do dia com a maturidade suficiente para que os estudos gerem consequências em uma futura aprovação”.
O professor também alerta para que a escola e a família permaneçam próximas ao jovem neste momento delicado. “É um desafio que deve ser construído a várias mãos. A escola e a família devem estar muito próximos desse ou dessa jovem, para que esses desafios tanto didáticos, quanto psicológicos, sejam ultrapassados. Os professores, a escola como um todo, e a família devem estar próximos. Que é um ambiente, certamente, de muita tensão e pressão. E o apoio desses núcleos, tanto no ambiente escolar como familiar, são fundamentais para ajudar um jovem recém-saído da adolescência a fazer a escolha certa e encarar o vestibular da melhor maneira possível”.
Thiago Roque, também docente, diz que o principal desafio para os jovens do 3º ano do Ensino Médio é “com certeza conter a ansiedade”. O professor de Filosofia aponta que, neste momento de reta final de estudos na Educação Básica, a responsabilidade de resposta social com a aprovação no Enem ou em outros vestibulares, vem ao mesmo tempo, com suas inquietações típicas da juventude.
“Isso pode gerar muitas dúvidas que acabam muitas vezes distraindo o jovem vestibulando do foco em seus estudos. A preparação emocional é de suma importância nesse contexto de preparação. Por isso a importância da família na organização da rotina diária de estudos domiciliar”, destaca o educador.
Sobre a melhor forma de se preparar didaticamente, Thiago sugere um plano de estudos. “Hoje, na internet, há vários aplicativos que permitem aos estudantes elaborarem um plano de estudo, focando um tempo a mais para os componentes curriculares que ele possa ter certa dificuldade. Outra estratégia, é registar ou fichar os pontos de maior relevância, além dos tópicos centrais conforme as orientações dos professores em sala de aula”. O Exame Nacional do Ensino Médio é realizado anualmente, quase sempre no mês de novembro.