ELBA AQUINO
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Senhoras e senhores, vai recomeçar o espetáculo. Sim, recomeçar. As luzes serão novamente acesas e as cortinas suspensas para que o palco do Teatro RioMar se transforme num picadeiro. O espetáculo O Circo vai unir bailarinas, palhaços, mágicos e todos os personagens do universo circense nestes sábado (29) e domingo (30). É uma mistura do ballet clássico com a cultura popular para marcar, depois de três anos sem espetáculo, a volta aos palcos dos bailarinos da Escola de Dança Madiana Romcy, uma das mais tradicionais do Ceará.
“A gente ficou tão apavorada que achou que nunca mais ia subir nos palcos. As crianças estão eufóricas, as professoras, as bailarinas. Todos querem sentir novamente essa emoção”, afirmou Madiana Romcy, diretora, professora e bailarina que escolheu o tema e montou o espetáculo com técnica e coração. Ela quer deixar uma mensagem de alegria, festa e sorrisos depois da dura temporada de pandemia. “Estamos voltando com um espetáculo que vai deixar as pessoas alegres, leves e com forças para seguir em frente.”
O CIRCO
Ao todo, a apresentação terá 165 bailarinos, entre crianças, jovens e adultos. Durante 1h10, o público vai passear pela vivência do circo, desde a entrada, repleta de muita pipoca e algodão doce, ao aguardado picadeiro. “Mostramos o que acontece fora do circo, onde tem balão, algodão doce, pipoca, até entrar no picadeiro. Começa com o pessoal querendo entrar no circo. Aí temos as ‘baleiras’, que são bailarinas mesmo, pipocas, algodão doce, balões. Tudo que tem no circo. Ao entrar, as apresentadoras e o mágico estarão sempre introduzindo as músicas, com suas narrativas e estimulando a plateia. Dentro, a gente tem as palhacinhas, os coelhos, o equilibrista, as bailarinas, malabaristas, mágico, trapezistas. Tudo que acontece no picadeiro”, narra a diretora.
O espetáculo possui 13 diferentes personagens do universo circense. As músicas, em sincronia com o ambiente, foram selecionadas para lembrar a infância e instigar a imaginação. E esse foi justamente o maior desafio: dançar ballet clássico com outro estilo musical. “A gente gostou muito porque a gente nunca trabalhou com ballet clássico com música sem ser clássica. A gente só tem uma dança que teria que ser a música clássica, que são as bailarinas do circo.”
ENCONTRO DE GERAÇÕES
“O ballet salvou as minhas pernas”. A frase forte e emocionante é de Denise Boudoux, que começou a dançar com 6 anos de idade. Em 2003, aos 26 anos, sofreu um acidente que atingiu a coluna. Ela só conseguiu manter os movimentos das pernas devido ao Ballet. “Eu estava em plena forma física. Tinha me apresentado em dezembro de 2002 e sofri o acidente em janeiro de 2003. Houve erro no socorro. Não viram que eu tinha fraturado a coluna. O que sustentou para minha coluna não quebrar foi o trabalho do ballet. Os músculos das costas estavam tão fortes que sustentaram a coluna.”
Denise precisou parar de dançar. Teve duas filhas e as duas também demonstraram desde cedo o amor pela dança. Livia Boudoux, de 16 anos, começou a rodopiar e a ficar nas pontinhas dos pés com 2 anos e 7 meses. “O ballet é a minha terapia. Não consigo viver calmamente sem o ballet”, afirma Livia com sorriso no rosto. Para completar o trio de bailarinas da família vem Eloísa, de 7 anos. “Eu aprendo novos passos, danço, sinto alegria e me divirto”, diz a pequena nos braços da mãe bailarina.
Mãe e filhas sobem juntas ao palco pela primeira vez. Uma linda história de superação pela arte e de amor ao ballet que virou herança de família. “Eu acho que vou lembrar disso a minha vida toda. Eu, minha mãe e minha irmã dançando juntas no teatro”, disse Lívia na coxia, durante o ensaio geral nesta sexta-feira (28). Denise, que voltou a dançar em 2019, retorna aos palcos emocionada e grata. O ballet que evitou uma paralisia, hoje, é um elo entre mãe e filhas. “É indescritível. Nos outros espetáculos que fiz tinha aquela ansiedade, aquele gelo na barriga. Hoje é só alegria e gratidão.”
No ensaio geral, grandes e pequenas bailarinas se apresentaram como se a pateia já estivesse lotada e em polvorosa. Havia sorrisos misturados a rostinhos atentos e concentrados. A disciplina do ballet e o encantamento da arte. Graciosas e saltitantes elas subiram na meia ponta e moveram bracinhos e perninhas com elegância. Os bailarinos de nível técnico exibiram leveza e precisão. A arte tem esse poder. “Colocamos crianças de 3 anos a pessoas de 40 anos no espetáculo. Foi desafiador unir diferentes idades e técnicas e conseguir a harmonia perfeita. Mas tudo é questão de garra, de ir em frente e dar tudo o que você pode para que o espetáculo aconteça”, finalizou Madiana Romcy.
ESPETÁCULO O CIRCO
Onde: Teatro RioMar Fortaleza (rua Des. Lauro Nogueira – Papicu)
Quando: neste fim de semana, a partir das 19h
*Confira mais detalhes no perfil oficial da Escola @escolamadianaromcy