De repente, o tempo fecha, as nuvens ficam carregadas e o céu acinzentado. É chuva que vem para molhar a terra, para banhar as plantações, para encher os reservatórios. É a água esperada, necessária para o sertão e para a cidade. O Ceará tem hoje 9 açudes sangrando, ou seja, que atingiram a capacidade máxima de armazenamento. Isso é bom! Principalmente se esses açudes estiverem no topo da rota hídrica desenhada no mapa do estado.
O cenário ideal é aquele que registra boas chuvas no Sul do Estado, no Cariri. É onde começa a sequência de armazenamento e alimentação de reservatórios. Chuva no Cariri significa água no rio Salgado, um dos que alimentam o Castanhão, o maior açude cearense, com capacidade para acumular 6,7 bilhões de metros cúbicos de água. Um gigante equipamento hídrico fundamental para o abastecimento da região Jaguaribana até a Região Metropolitana de Fortaleza.
Nós, cearenses, precisamos entender um pouco dessa rota de armazenamento. Ela foi construída pelo homem para garantir segurança hídrica, ainda assim depende da natureza, da chuva. O caminho mecânico é perfeito, mas para funcionar precisa de água. E ela vem no céu. A evolução da engenharia de barragens e da intervenção do homem na convivência com seca tem criado mecanismos. A Transposição de Águas do Rio São Francisco é um exemplo. Trata-se da maior obra hídrica de todos os tempos.
É a promessa de libertação do Nordeste setentrional, a tão sonhada fartura de água. Ainda assim, não podemos relaxar. Não podemos desperdiçar e nem parar de pedir por chuva. Água é um bem finito e vital. Nem a maior e mais moderna estrutura terá utilidade sem ela. O recurso é natural, portanto está fora da nossa capacidade de criação. Uso racional é necessário, preservação ambiental é necessária, fim da poluição é necessário.
Tudo isso, sim, está ao nosso alcance. Vale a reflexão.