Para refletir sobre o meio ambiente, o Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da Assembleia Legislativa (Alece) promoveu palestra seguida de debate na manhã desta terça-feira (4). A conversa foi teve como base o tema Acelerar a Restauração da Terra, a Resiliência à Seca e o Progresso da Desertificação, adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a campanha alusiva ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta quarta-feira (5).
A programação fez parte do segundo dia da oitava edição do projeto Assembleia Itinerante, que acontece no município de Canindé. Com o tema Quais saídas para a superação da crise climática?, a palestra foi ministrada pelo assessor da Fundação Cultural Educacional Popular em Defesa do Meio Ambiente (Cepema), Rafael Tomyama, e Cristina Feitosa, engenheira agrônoma do Movimento Sem Terra (MST).
Conforme Rafael Tomyama, a crise climática é hoje caracterizada como situação de emergência. “Crise seria a situação que vivíamos há alguns anos. Atualmente, vivemos uma situação bem mais contundente, que se relaciona com esses eventos extremos, como as enchentes do Sul e o processo de desertificação aqui no Nordeste”, destacou.
A discussão seguiu com a participação dos estudantes do curso de Agroecologia da Escola de Ensino Médio Filha da Luta Patativa do Assaré, de Canindé, em debate sobre temas como produção de alimentos, uso sustentável dos solos, economia de recursos, entre outros.
“Trouxemos uma reflexão sobre como proceder, num primeiro momento, uma adaptação climática, entendendo ser um fenômeno que teremos que conviver com ele, e o que a sociedade e, principalmente, os governos podem fazer nesse processo de convivência”, explicou Rafael Tomyama.
A prefeita de Canindé, Rosário Ximenes, também assistiu à palestra e reforçou a importância a discussão, especialmente para os moradores do campo.
“Aqui, em Canindé, temos algumas escolas de campo, pois sabemos da importância desse tipo de discussão. Temos problemas com nosso solo, chove pouco. Então, estamos sempre buscando alternativas para melhorar a qualidade do nosso ambiente e da vida da nossa população. Discussões como essa são muito bem-vindas”, ressaltou Rosário Ximenes.
A programa da manhã foi encerrada com atividade promovida pela Procuradoria Especial da Mulher da Alece, que debateu com os participantes a Lei Maria da Penha e a violência contra a mulher. A conversa foi mediada pela psicóloga Lisa Tavares, a advogada Catarina Clares e o psicólogo Erlito Rabelo.
OUTRAS ATIVIDADES
Durante o dia, outras ações voltadas para a temática foram realizadas. Na Praça Cruz Saldanha (Praça Azul), equipe da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) realiza distribuição de mudas, além de material educativo e rodas de conversa com alunos de escola pública sobre educação ambiental.
À tarde o Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da Alece promoveu um bate-papo com representantes das cozinhas solidárias locais, para discutir a participação do Sertão de Canindé no programa Ceará Sem Fome. Outro debate envolveu os membros do setor produtivo da apicultura, para compreender as demandas do setor na região.
AUDIÊNCIA PÚBLICA
Também à tarde, a Comissão de Desenvolvimento Regional, Recursos Hídricos, Minas e Pesca da Alece realizou audiência pública, onde foi debatida a situação da infraestrutura hídrica do Sertão de Canindé.
O deputado Missias Dias (PT), membro do colegiado, presidiu a audiência e destacou que o objetivo é debater a situação dos açudes Cangati, Piedade e São José, e a aceleração da construção do ramal leste do Cinturão das Águas, todos parte da infraestrutura hídrica da região.
“A necessidade de discutir esses projetos, muitos ainda no papel, foi apontada nos estudos feitos pela própria Alece, em 2022 e 2023 por meio do projeto Move Ceará. Então, estamos aqui dando continuidade, dialogando com as autoridades e buscando formas de garantir segurança hídrica para a população da região”, salientou o parlamentar.
O debate contou com a presença de representantes da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), da Cagece, da Funceme, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da Alece, entre outros.