O Brasil é uma república federativa. Forma-se pelo Distrito Federal e os 26 Estados, nos quais estão os 5.568 municípios, com suas respectivas representações sociais e políticas. Todos têm importância e direitos equivalentes. A unidade é cláusula pétrea constitucional – ou seja, não pode ser desfeita nem mudada. Diz o artigo 1º da Carta: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; o pluralismo político”. Quem se insurge contra esse conceito está não apenas se insurgindo contra a lei, o que já seria excessivamente grave, mas também contra o alicerce sobre o qual a nação se sustenta. É o caso do bolsonarista Romeu Zema, governador de Minas Gerais pelo partido “Novo”.
A AMEAÇA
Zema apresentou a tese asquerosa da separação numa entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo” no último fim de semana. Saiu-se com essa: “Temos 256 deputados – metade da Câmara – 70% da economia e 56% da população do País. Não é pouco, né? Já decidimos que, além do protagonismo econômico que temos, queremos – que é o que nunca tivemos – o protagonismo político”. É a velha e decrépita teoria de que o Sul e o Sudeste mantêm financeiramente o Norte e o Nordeste, onde estão, na concepção deformada dele, estados “muito menores em termos de economia e população”. É necessário e fundamental que instâncias públicas e privadas, sendo jurídicas, políticas ou administrativas, respondam com severidade à ameaça de Romeu Zema. O que o governador mineiro coloca não é uma simples reclamação por mais espaço. É, sim, uma ameaça à pátria, à constituição e à paz social.
O OVO DA SERPENTE E O CARÁTER DOS MAUS
O bolsonarismo desponta nos mais acintosos episódios recentes de defesa do separatismo. São episódios nos quais se percebem também o mau-cheiro do racismo, do financeirismo predatório, da exclusão social e da exploração humana. Um artigo publicado pelo empresário Vitório Mediolli no jornal O Tempo (MG), logo após as eleições de outubro de 2022, dá a medida do ódio, do revanchismo e do perigo representados: “A divisão territorial, por meio de um ‘divórcio consensual’, está com suas sementes se espalhando. É preciso avaliar se isso será ‘menos pior’ do que a possibilidade de uma situação que possa caminhar para uma guerra civil. Dar a Lula o que é de Lula e a Bolsonaro o que é de Bolsonaro seguiria um antigo pensamento. O separatismo, presente em outros momentos da história brasileira, não seria, à primeira vista, a solução mais adequada, mas, nesse caso, a vontade popular, por meio de plebiscitos, seria talvez a única solução para resgatar a legitimidade ameaçada”.
TODOS ESTÃO ERRADO? SÓ ZEMA ESTÁ CERTO?
Governadores do Nordeste, por meio do consórcio que os congrega, foram duros em rechaçar a ideia de Zema. O ministro Flávio Dino (Justiça) serviu de porta-voz da gestão Lula. Nenhum aliado de Zema se prontificou a apoiá-lo.
TEM MUITO A FALAR
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, volta hoje à CPMI dos Atos Terroristas de 8.1. O senador cearense Cid Gomes (PDT) é o primeiro vice-presidente do colegiado. Luis Eduardo Girão (Novo) e Augusta Brito (PCdoB), além do deputado André Fernandes (PL), também participam dos trabalhos.
PARLA!
Foi com Anderson Torres que se encontrou a minuta com a qual os criminosos tentariam legalizar o golpe, além de serem atribuídos a ele atos e omissões que viabilizaram a depredação das sedes dos três poderes. Tem muito o que falar, acredita-se
FILÃO
O fortalecimento da Rota das Emoções, na qual Ceará, Piauí e Maranhão se emendam em obras, propostas e estruturas, ganhou status de prioridade no mercado turístico. A pauta está sendo tratada pelo Sebrae nacionalmente e pelo Consórcio Nordeste, que reúne governos dos nove estados da Região.
AQUI, ALI E ACOLÁ
Esta Coluna é publicada sempre às terças e quintas-feiras e aos sábados no jornal Opinião CE e no portal InvestNordeste. Os textos também estão no site.