Nos preparam para a gravidez, às vezes. Para a chegada do bebê. Para a licença maternidade e para o puerpério. Para receber pessoas, para amamentar. Para alimentar, ensinar a andar. Muitos ensinamentos chegam, mas esquecem de nos preparar para uma realidade dura que nos deparamos no primeiro ano do bebê, quando não se estende mais. A solidão. Não nos preparam para a solidão da maternidade. Quando nosso bebê chega a terra para de girar, e como leoas nos dedicamos a este bebê acima de tudo e de todos.
Estamos mesmo focadas, queremos dar o nosso melhor. Não existe olhos para fora, às vezes nem para dentro. Os olhos estão para o bebê. Mas os dias vão passando, e você percebe que suas demandas são suas. A dor, o cansaço, as alegrias. Ninguém leva tão a sério quanto nós. Se dói, dizem que vai passar. Se encanta, não enxergam como nós. É só mais um bebê. E só mais uma mãe. Falar pra tirarmos um tempo pra nós é quase que inconcebível. Sequer conseguimos, em algumas circunstâncias, resolver todas as demandas do serzinho que cresce como pão. E aí o tempo vai passando. As amizades vão ficando para trás.
Os passeios se encurtam, as viagens. Os contatos diminuem. E se não fizermos um esforço para resgatarmos nossas conexões, ficamos ali. Sofremos quietas e vibramos sozinhas. Nós e o bebê. Nós e o espelho. Nós e o celular. Bom seria se nos preparassem também para este momento. E soubéssemos que passa, mas que precisamos fazer movimentos práticos pra que ele passe. Ou ficamos la, em um espaço de tempo só nosso. Na tão pouco falada solidão da maternidade.