A liberdade de Imprensa, condição sem a qual democracia nenhuma prospera ou sequer se mantém, está sob ameaça intensa. E os agressores não se limitam à direita extrema. Quem avalia o quadro é a jornalista Cristina Serra, colunista da “Folha de S. Paulo”, que fará palestra hoje em Fortaleza. Cristina vem a convite da Associação Cearense de Imprensa, cumprindo agenda que já a levou a outras cidades com o alerta. A jornalista diz que “o cerco parte também de diferentes poderes quando inconformados com críticas, sejam os poderes institucionais, sejam os poderes econômicos”. O caráter de 2022 – que tende a ser, com as eleições, marco de vida ou morte para a sociedade brasileira – não permite que se cometa o erro de menosprezar inimigos tão hostis nem o de deixar que se repitam brutalidades estarrecedoras como a que alcançou na década de 1970 o jornalista Vladimir Herzog. A palestra de Cristina Serra está marcada para começar às 18h30min, no auditório da ACI (Rua Floriano Peixoto, 735 – Centro, 6º andar). A entrada é franca.
Não foi o único exemplo
Um episódio em 2019, no Rio de Janeiro, ilustra a gravidade da situação. Foi quando terroristas lançaram bombas incendiárias contra uma produtora de conteúdos para a Internet. O criminoso que liderou o atentado, identificado como Eduardo Fauzi, tinha longa folha corrida com 12 outros delitos mas estava à solta. Vinculado a milícias nacionalistas, fez a polícia brasileira de boba e fugiu com facilidade para a Rússia, onde foi preso em 2020 pela Interpol. Por ora, encontra-se enjaulado no Presídio José Frederico Marques (RJ).
A usina
Em 2021, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) relacionou 430 casos de violência contra os profissionais da Imprensa. Sozinho, o presidente Jair Bolsonaro (PL) havia cometido 147 ataques. Em 2020, havia sido listadas 428 ocorrências do gênero. Neste ano, sobressai o caso do jornalista Nonato Lima, afastado da chefia da Rádio Universitária, FM vinculada à Universidade Federal do Ceará, por não se submeter a censura imposta pela Reitoria.
Aviso
A propósito de liberdade e segurança, tramita na Assembleia Legislativa do Ceará projeto que defende a instituição de uma cultura de responsabilidade digital em escolas públicas. Quem assina o texto é o deputado Romeu Aldigueri (PDT). Explicação do Romeu para a proposta: “O objetivo é o de incentivar o respeito, a empatia e a preservação da saúde mental dos estudantes. As redes sociais estão cada dia mais suscetíveis a se tornarem espaços para o linchamento virtual e para a exposição inadequada de pessoas”.
Mal-traçadas linhas
O ex-presidente Lula (PT) faz hoje, em São Paulo, mais um ato midiático de pré-campanha. E participará do lançamento do livro “Querido Lula: cartas a um presidente na prisão”, coletânea de correspondências escritas a ele nos 580 dias de xilindró em Curitiba, por determinação do então juiz Sérgio Moro. A sentença de Moro, cumprida entre 2018 e 2019, tirou Lula das eleições para o Planalto e, comprovou-se depois, era uma armação que beneficiou o então candidato – hoje presidente da República – Jair Bolsonaro.
Corre dentro!
E, no campo da pré-campanha, vale observar a marra do deputado Elmano de Freitas, manifestada no plenário da Assembleia Legislativa. O petista desafiou parlamentares bolsonaristas a compararem os números dos governos Lula e Bolsonaro. Nenhum dos integrantes da bancada aliada do Planalto se